Dia 25 de novembro é considerado o dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher e a equipe do Portal Metrópole de Notícias buscou mais informações sobre esse importante dia luta.
No dia 25 de novembro de 1960, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como "Las Mariposas", foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana. Elas combatiam a ditadura naquele país e pagaram por isso com a própria vida. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício, estrangulados, com os ossos quebrados.
As mortes repercutiram, causaram grande comoção no país e no mundo e no ano de 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas instituiu 25 de novembro como o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, em homenagem às “Mariposas”. Neste dia, reflexões sobre a situação de violência em que vive considerável parte das mulheres em todo o mundo são expostas para a sociedade.
No Brasil, 43% das mulheres em situação de violência sofrem agressões diariamente e para 35%, a agressão é semanal, segundo o Centro de Atendimento à Mulher. Informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública dão conta de que em média, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada em nosso país.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 70% de todas as mulheres do planeta já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em, pelo menos, um momento de suas vidas independente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social.
A causa da luta do dia 25 de novembro é extremamente importante e, por conta disso, a reportagem do Portal Metrópole de Notícias realizou entrevistas sobre o assunto.
A Dra. Patrícia Tranche Vasquez, Delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Osvaldo Cruz, conversou sobre esse dia com a reportagem do Portal Metrópole de Notícias e destacou que a mulher não é obrigada a aturar qualquer tipo de violência.
"Nos dias atuais, a mulher não é obrigada a aturar qualquer tipo de violência, seja ela psicológica, sexual, moral ou física. Em nenhuma legislação, nenhum livro, bíblia, existe qualquer tipo de orientação que faça com que a mulher seja obrigada a aturar qualquer tipo de violência. Para isso, foi criada a Delegacia da Mulher. Pra isso, nos lugares que não tem DDM, tem Delegacias comuns, que são especializadas para atender qualquer pessoa que seja vítima de qualquer violência. Existem meios para se proteger, comparecendo a Delegacia da Mulher expondo seu problema, expondo a situação em que se encontra, e eu sempre digo que as mulheres precisam de uma autoestima elevada, que as mulheres precisam se amar primeiro. Nada pode ser desculpa para ela se sentir inferiorizada, humilhada por ninguém.", disse.
A Delegada da DDM de Osvaldo Cruz, disse que no passado a mulher era submissa ao companheiro, mas que agora, o que importa é essa mulher viver em paz. "Antigamente a mulher era muito submissa ao marido pela questão financeira, pela preocupação de ser separada perante a sociedade, enfim, eu te digo que o que importa é a tua paz! O que importa é você criar seus filhos em paz, você viver em paz.", destacou Dra. Patrícia.
Sobre as agressões, se caso estiver ocorrendo algum tipo de agressão física, tapas, empurrões, chutes ou violência psicológica, que a mulher procure a delegacia e registre a ocorrência. "Se a mulher estiver sofrendo ameaças de qualquer agressão, se na hora da raiva ele falar que vai matar, ameaçar de tirar os filhos, que são as ameaças mais comuns e também a violência moral como chamar de "sua gorda, sua feia", xingamentos sórdidos, de baixo calão, você pode vir até a delegacia, registrar um boletim sim, sem medo. E se houver necessidade, urgência, você pode se valer de medidas protetivas, como por exemplo o afastamento do lar, proibição de aproximação e contato por qualquer meio de comunicação. Esse ano de 2018, nós, Delegados de Polícia, podemos pedir prisão preventiva do agressor. E além disso, em casos de desobediência, prendemos em flagrante e não é possível em solo policial ser arbitrado fiança, sendo uma novidade e mais segurança para a vítima. Nós estamos aqui pra fazer valer os direitos da mulher, orientá-las de como devem agir perante uma situação, que fere a estima dela.", disse.
A Dra. Patrícia Tranche Vasquez, destacou ainda que existem mulheres adoecendo por conta de humilhação, perseguição e tristeza que esse tipo de agressão causa. "Inclusive, tem muitas mulheres com depressão em razão de tanta humilhação, perseguição, tristeza. Segundo uma pesquisa com um mastologista, 90% de Câncer de Mama que ocorrem nas mulheres é em decorrência de mágoa, ressentimento. Então mulher, se cuide! Cuide da sua alma, do seu espírito, cuide de você!", finalizou.
A reportagem do Portal Metrópole de Notícias conversou com Inês Gomes, de 52 anos, uma das muitas mulheres que já sofreram agressão.
"Fui casada durante 22 anos e a gente sempre viveu muito bem. Nos dois últimos anos do nosso relacionamento que ele começou a ter muito ciúme. Eu comecei a fazer uma dieta, emagreci bastante e por conta disso ele começou a ficar muito enciumado. Eu saia para fazer caminhada e ele me seguia e a gente discutia muito, por conta do ciúme que ele tinha. Ele começou a me agredir verbalmente, não chegou a me agredir fisicamente e depois de um tempo começaram as ameaças. Depois de muita discussão, veio o primeiro tapa e o primeiro perdão. Eu não denunciei, perdoei e pensei que não fosse mais acontecer. Depois disso, as agressões verbais se tornaram constantes e ele começou a falar em separação e quando eu procurei um advogado para gente se separar legalmente, porque não estava mais dando certo. Foi aí que ele me agrediu com um facão de cana, no dia 15 de janeiro de 2013, às 5h da manhã. Na noite anterior, eu percebi que ele estava amolando o facão, eu perguntei o motivo e ele disse que o que era meu estava guardado, mas como ele sempre foi um homem muito calmo, eu nem me preocupei. Eu estava dormindo, ele entrou no quarto e começou a me agredir com o facão. O lugar que mais pegou foi na mão esquerda, que acabou amputada. Fiquei quase um mês internada, várias cirurgias foram feitas para a recuperação da minha mão e graças a Deus os médicos conseguiram recuperar a minha mão, mas eu perdi mais da metade dos movimentos. Depois das 6 cirurgias, fiz 8 meses de fisioterapia e fiquei quase 2 anos sem poder trabalhar. Ele foi preso, ficou seis meses na cadeia. A vida seguiu e graças a Deus não aconteceu nada pior. Eu aproveito o espaço para deixar um recado para as mulheres que são vítimas de agressão: denuncie! Não tenha medo, eu não denunciei da primeira vez e me arrependo. Graças a Deus eu estou aqui para contar a minha história, mas outras podem não ter a mesma sorte. A lei está aqui para nos ajudar.".
DENUNCIE
Se você é vítima de violência doméstica, familiar, profissional, qualquer violência, ou também se você tem ciência de alguém que passe por isso, DENUNCIE! Procure qualquer Delegacia de Mulher ou Delegacia de Polícia.
Na região, existe DDM em Osvaldo Cruz, Adamantina, Dracena, Rancharia, Presidente Prudente e Presidente Epitácio.
Existem também os telefones em que você pode denunciar: 190, 197 e o 180 que é o disque denúncia da Central de Atendimento à Mulher.
DENUNCIE!