Nesta quinta-feira (27) é lembrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos e a data foi criada para conscientizar a população sobre a importância da ação, que visa salvar a vida de milhares de pessoas.
O Estado de São Paulo realiza cerca de 40% dos transplantes do Brasil e a Central de Transplantes paulista foi pioneira no país com um balanço superior a 100 mil doações que foram realizadas em mais de duas décadas.
Em 2018, até o mês de setembro, foram realizados no Estado de São Paulo 2.234 transplantes de órgãos, sendo 1.528 de rim, 491 de fígado, 75 de coração e 73 de pulmão.
Se comparado há 10 anos, é possível ver um aumento substancial no número de transplantes, visto que em 2008, foram realizados 1270 transplantes de órgãos, o que representa um aumento de 76%.
Os números são resultado do trabalho das Comissões Intra-Hospitalares de Transplantes (CIHT), que realizam a busca e identificação de doadores potenciais de órgãos e tecidos na instituição onde está sediada, por meio da articulação com as equipes médicas da instituição, em especial as das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e Urgência e Emergência, no sentido de estimular o adequado suporte para fins de doação, colaborando para a otimização e manutenção das condições clínicas do doador. O trabalho das comissões, em parceria com as Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), é essencial na viabilização e cuidado dos doadores de órgãos, e consequentemente para a otimização do cenário de transplantes em São Paulo.
Igor Vieira, médico cirurgião geral com especialidade no aparelho digestivo da Aliança Instituto de Oncologia, explica que há dois tipos de doador: o vivo, que pode doar pulmão, rim, parte do fígado e medula óssea; e o cadáver, que doa as duas córneas, os dois pulmões, o coração o fígado, os dois rins, o pâncreas, o intestino e a até a pele. De acordo com ele, em média 35 mil pessoas estão na lista de espera para transplante, por falha de algum desses órgãos.
O médico aponta que é de extrema importância comunicar os familiares, sobre o desejo de doar órgãos, ainda em vida. "Não precisa assinar papel nenhum, nem colocar na identidade. Mas a família tem que saber, pois ela é que toma a decisão de doar os órgãos quando o paciente tem morte cerebral", comenta.
Mas e os riscos?
Vieira aponta que a taxa de rejeição de doação no Brasil é de cerca de 40% dos pacientes com morte cerebral. A nível mundial, esse índice cai para 25%. Segundo o médico o maior problema é a falta de informação sobre a morte cerebral.
Ele relata que muitas famílias não acreditam que o paciente faleceu, pois os órgãos continuam funcionando, mas não há nenhuma atividade cerebral. A falta de informação também é um grande obstáculo para a doação de órgãos.
"Os familiares têm medo de não poder enterrar o ente querido ou ainda de não poder fazer funeral com caixão aberto. Além de não concordarem com o diagnóstico de morte cerebral, que ocorre quando não há mais nenhum tipo de atividade cerebral, mas os outros órgãos funcionam normalmente por um tempo", destaca.
Em casos de doação em vida, o especialista garante que as complicações são raras, pois muitos exames são pedidos. "Quem faz esse tipo de transplante seleciona os doadores com muita cautela", assegura Vieira.