Inclusão, desenvolvimento e estímulo precoce, foram alguns dos assuntos abordados pela reportagem do Portal Metrópole de Notícias sobre um tema que até pouco tempo atrás era um 'tabu', inclusive para as famílias de pessoas portadoras de alguma necessidade especial.
A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla acontece todos os anos e foi criada com o objetivo de promover debates e reflexões sobre o dever da igualdade e inclusão. O tema desse ano é "Família e pessoa com deficiência, protagonistas na implementação das políticas públicas".
Baseado nesse tema, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, chama a atenção para a importância da participação da família em todos os processos da vida dos seus filhos, desde processos educacionais, de desenvolvimento, habilitação e reabilitação e etc.
A APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Osvaldo Cruz, realiza a partir desta terça-feira (21) até a próxima terça-feira (28), uma semana diferenciada com festividades e uma programação especial para os alunos.
Ana Claudia Consolari, Diretora da APAE de Osvaldo Cruz, falou sobre a programação. "Do dia 21 ao dia 28 agora de agosto, acontece a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Nós programamos para os nossos 'pequenos gigantes' uma programação festiva. Nesta terça-feira (21) vamos levá-los para a Fazenda Oroitê, onde será feito um churrasco, passeio com charretes e terá também a apresentação dos cachorros. No dia 22 faremos uma sessão de cinema. Dia 23 acontece uma tarde dançante com piquenique no salão da Asmoc e a participação da ASD (Associação Síndrome de Down - Uma Nova Visão). No dia 24 teremos um festival de pipas. Dia 27 acontecem gincanas e brincadeiras para as nossas crianças e para encerrar, no dia 28 faremos uma trilha no Clube dos 30, em Parapuã".
A Diretora da APAE de Osvaldo Cruz destacou a importância desta semana festiva. "Essa é a forma que temos para prestigiar o movimento. Proporcionar essa programação diferenciada com momentos de lazer e interação acaba colaborando para um melhor desenvolvimento das nossas crianças.", finalizou.
Porco No Rolete
Ana Claudia Consolari lembrou também que neste domingo (26) acontece o Porco No Rolete em Prol a APAE de Osvaldo Cruz. "Neste final de semana, no dia 26 de agosto, acontece o nosso tradicional Porco no Rolete. O Evento será no Clube das Bandeiras e a renda é revertida para a Apae de Osvaldo Cruz. Quem quiser colaborar conosco é só passar na secretaria da APAE e adquirir o seu convite no valor de R$50. Aproveito a oportunidade para convidar a toda a população para participar desse evento conosco."
A Importância da Família na Inclusão da Criança
Um dos fatores mais importantes para a inclusão das pessoas portadores de alguma necessidade específica está dentro de casa. O apoio e a motivação da família ajudam no desenvolvimento da criança.
Em entrevista para a reportagem do Portal Metrópole de Notícias e Rádio Metrópole FM, Antônio Bortoluci, o Tuty, falou sobre o valor do acolhimento da família. "A inclusão que existe hoje na sociedade e que tanto se pede, deve começar primeiro na própria família. A família acolher essa criança com amor é primordial para o desenvolvimento dela. O acolhimento inicial, a sensibilidade e amor que essa criança recebe dentro de casa ajudam demais no desenvolvimento dela no dia a dia.", disse.
Tuty destacou também a estimulação precoce. "No caso da minha filha (Anna Júlia), aos poucos fomos incluindo ela com estimulação precoce. Ela fez terapia, depois estudou na APAE, e conforme ela foi evoluindo, fomos estimulando mais. Colocamos em uma escola particular, onde ela foi alfabetizada, concluiu o segundo grau e hoje ela está fazendo aulas em autoescola. Nós estamos torcendo para que logo ela esteja habilitada, mas a importância real disso está na autoestima dela. Uso o exemplo da Anna Júlia, porque graças a Deus, ela é um bom resultado. Nem todos conseguem ter esse avanço por conta de algumas complicações.", complementou.
Antônio Bortuluci deixou um recado para os pais que tem filhos com necessidades específicas. "A maior dificuldade com relação à inclusão vem de pessoas que não acreditam que essas crianças podem fazer as coisas. Então eu peço para quem tem pessoas com necessidades específicas na família, procure a APAE, no caso da cidade de Osvaldo Cruz, procure também a ASD (Associação Síndrome de Down - Uma Nova Visão) e acima de tudo, acredite nela. Eles podem realizar grandes conquistas e nós não podemos impor limites a eles sem que haja um estímulo.", finalizou.
Recentemente, a família de Juliana De Sá comemorou junto com ela a alegria de ter passado no vestibular de gastronomia. A mãe da Juliana, Maria De Sá, em entrevista a reportagem do Portal Metrópole de Notícias contou um pouco sobre essa alegria. "A Juliana tem 36 anos e é uma moça tímida. Desde pequena, ela sempre teve interesse com as coisas da cozinha. Ela ficava do meu lado me ajudando a fazer almoço, cortava tomates, lavava a louça, arrumava a mesa para o jantar e eu a deixava fazer, mesmo que no começo desse errado. Depois eu ensinava ela fazer de maneira correta, porque era uma forma dela desenvolver habilidades.".
Maria De Sá disse que a filha começou a pegar gosto pela cozinha. "Ela ficou entusiasmada com a cozinha, começou a fazer bolos e inclusive vendeu por um tempo. Sobre o vestibular, uma faculdade de Araçatuba foi até a escola em que a Juliana estuda para levar informações sobre os cursos disponíveis. Ela se inscreveu, prestou a prova e passou. Nós ficamos muito felizes, mas como a faculdade é em Araçatuba, a logística atrapalha. Porém, ela vai fazer um curso profissionalizante de Gastronomia em uma escola aqui de Osvaldo Cruz, já realizamos a matrícula, ela foi muito bem acolhida pelos profissionais e com isso a Juliana vai continuar fazendo o que gosta.", comemorou.
Maria falou também sobre as dificuldades ter uma filha com Síndrome de Down em uma época em que não se falava sobre o assunto. "Eu vi a Juliana quebrar muitas barreiras. Quando ela nasceu, 36 anos atrás, nem se falava em Síndrome de Down. Não foi fácil, mas nós nunca desistimos. Sei que tenho que lutar pelos direitos da minha filha e como sempre, coloco Deus e Maria na frente de tudo o que faço. Os caminhos foram se abrindo, e conseguimos chegar até aqui com muita garra e amor. Sinto-me realizada e feliz com cada conquista da Juliana.", finalizou.
Fabiana Di Santi, que é Presidente da ASD (Associação Síndrome de Down - Uma Nova Visão) e mãe do João Luís, de 4 anos, também contou para a reportagem do Portal Metrópole de Notícias sobre a dificuldade inicial de saber que seu filho era portador de SDD. "O João nasceu de manhã e a noite a médica disse que queria conversar comigo e com o meu marido e nos falou que o João tinha algumas características de Síndrome. O nosso mundo caiu, porque idealizamos um filho perfeito, mas a verdade é que nós não sabemos o que é 'perfeito'. Eu nunca tinha tido a oportunidade e o privilégio de ter contato com alguma pessoa que fosse portadora de SDD. Nossa família ficou bastante abalada. Passamos por momentos difíceis e precisamos sentir tudo para conseguir chegar a aceitação. Quando ela chega, nós descobrimos um novo mundo.", disse.
Fabiana destacou a importância de buscar informações que auxiliem quanto as necessidades das pessoas portadoras de alguma deficiência. "Quando passou o momento do medo do desconhecido, começamos a buscar informações de mães que tinham filhos com Síndrome de Down e elas foram nos mostrando o quanto era maravilhoso. Buscamos especialistas que nos instruíram sobre onde poderíamos ter mais informações sobre isso e entender como eu poderia dar uma melhor qualidade de vida para o João Luís. Descobrimos um novo mundo e ele nos ensina todos os dias que ele é capaz. Ele vibra com cada superação dele mesmo e nós aprendemos a olhar com alegria para as coisas mais simples. A gente acaba prestando mais atenção nessas pequenas coisas que se tornam muito intensas. Nós mostramos para ele todos os dias que ele pode fazer o que ele quiser, chegar onde ele quiser e ele que vai escolher isso.", finalizou.
Sobre a ASD
A Associação Síndrome de Down - Uma Nova Visão tem dois anos e já realizou duas grandes promoções (a Primeira e Segunda Queima do Alho) que proporcionaram a garantia de recursos para que a sede fosse implantada. O local é alugado e conta com a ajuda de alguns patrocinadores para custear contas como, água, luz e aluguel.
Na sede, acontecem três vezes na semana (segunda, quarta e sexta-feira) oficinas, artesanato, informática, terapia, para que o talento que cada criança desenvolve seja aplicado no dia a dia. A sede da ASD é de fundamental importância para quem participa e está de portas abertas para todos que queiram visitar, conhecer e colaborar.
Fabiana Di Santi, presidente da ASD, falou sobre a Associação Síndrome de Down - Uma Nova Visão. "Nós estamos lá para apoiar quem precisa de apoio, para nos unirmos e cada pessoa que chega é muito bom pra nós. Não é um trabalho fácil, mas nós olhamos os frutos. 3 anos atrás, não se falava sobre Síndrome e necessidades específicas e acabávamos não saindo com as crianças. As nossas crianças precisam viver, tem que sair, brincar. Nós vemos o quanto as crianças nos ensinam sobre superação. É muito importante ter um olhar positivo que mostre para essa criança que você acredita nela, assim elas se desenvolvem da melhor maneira possível.", destacou.
"Ninguém tem autoridade moral, nem o direito de dizer à você o que pode ou não pode realizar." (Juliana De Sá)