Desde a primeira especulação, a vinda de uma unidade do Batalhão de Ações Especiais de Polícia à região de Presidente Prudente gerou expectativas à população civil e a policiais militares. Previsões ali, ajustes acolá, até que foi “batido o martelo”. E após tanta preparação, em 11 de abril, há exatos seis meses, o 8º Baep foi inaugurado e apresenta resultados satisfatórios para o comando da tropa.
A produtividade arremata uma série de preparações e de trabalhos realizados todos os dias pelas equipes, conforme explicou ao G1 o tenente-coronel Carlos Vitor Negri da Silva, comandante do 8º Baep.
“A busca pessoal, fiscalização de veículos, fiscalização em estabelecimentos comerciais são as ferramentas que o policiamento, principalmente o Baep, se utiliza para alcançar resultados”, destacou ao G1 o oficial.
E os resultados estão dentro do esperado, conforme o tenente-coronel. Desde o primeiro dia de atuação das equipes de Baep nas regiões de Presidente Prudente e de Assis, áreas de abrangência do 8º Comando de Policiamento do Interior (CPI-8), até as 23h59 de 9 de outubro, foram 11.555 abordagens pessoais e 1.807 condutores de veículos fiscalizados, principais ferramentas do trabalho policial, segundo informações do Batalhão ao G1.
A quantidade de drogas apreendidas chama a atenção. No período de quase seis meses, mais de 1,5 tonelada – entre cocaína, crack, maconha e outros entorpecentes – foi tirada das ruas.
“Alguns entorpecentes nos surpreendem pela forma como são armazenados até para escapar da fiscalização e da apreensão, como é o caso da cocaína; cocaína sintética, em pasta, em resina. Isso é bastante surpreendente”, comentou.
Quando se trata de ocorrências envolvendo drogas, há diversas variáveis, conforme explicou ao G1 o comandante do Batalhão. “Há apreensões grandes com poucas pessoas envolvidas e apreensões de pequena quantidade, que são as responsáveis pelo maior número de prisões de pessoas em flagrante no tráfico de drogas”, disse.
Conforme o comandante, essas prisões de envolvidos com quantidade menor de entorpecente geralmente ocorrem na área urbana e uma participação muito importante é a do Canil, com grupamentos em Presidente Prudente e em Assis.
O apoio dos cães está à disposição de todos os programas de policiamento.
No primeiro semestre de atuação das equipes de Ações Especiais do CPI-8, foram registradas mais de 100 ocorrências de tráfico de drogas e oito de porte/uso de entorpecentes. A maior parte das apreensões é de maconha, com mais de 1,4 tonelada retirada das ruas.
“O Canil presta um apoio muito interessante nessas ocorrências com entorpecente, porque muitas vezes a droga está acondicionada em local onde o policial não vai simplesmente localizar. Às vezes ela está disfarçada, muito bem lacrada, escondida, até dentro de estruturas de alvenaria, de aço. Aí o cão localiza. O cão faz o serviço de um pelotão de policiais”, declarou ao G1.
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O tenente-coronel ainda indicou que outro número expressivo é o de pessoas presas em flagrante, sendo mais de 160, em 120 ocorrências, bem como 59 mandados de prisão cumpridos.
“A região é muito tranquila. Temos os menores indicadores criminais do Estado, seja em números absolutos ou até na relação por 100 mil habitantes. Isso significa que temos menos roubos, menos tentativas de roubos, menos homicídios, menos tentativas de homicídios, aquelas ocorrências que na sua maioria tem utilização de arma de fogo”, afirmou.
As estatísticas do Batalhão ainda apontam que de abril a outubro, somente pelo 8º Baep, foram apreendidas 34 armas de fogo.
O número, segundo Negri, pode parecer baixo, mas “é acima da média” se comparado a outras regiões do Estado. “Esse número, por taxa de 100 mil habitantes, supera a média de outras regiões do Estado. Exatamente aqui, onde o índice [criminal] já é baixo”, comentou ao G1.
Mas, independentemente de números, a apreensão de uma arma de fogo salva vidas, conforme lembrou o tenente-coronel sobre uma ocorrência atendida pelo Batalhão, em agosto. O que chamou a atenção foi “a declaração da pessoa que portava as armas sobre o motivo de estar portando as armas: ele ia cometer um homicídio, matar um desafeto, e ocorreu a abordagem antes”.
Treinamentos
O oficial da PM ainda ressaltou ao G1 que o Baep se diferencia, também, na questão de treinamentos. Segundo o oficial, os policiais do Batalhão de Ações Especiais treinam de três a quatro horas antes de iniciar um serviço efetivo de patrulhamento.
São preparações que vão de abordagens simples e em equipes, com a participação de todos os componentes de uma viatura, até ações em pelotões, como a de ações de Controle de Distúrbio Civil (CDC) e de Controle de Conduta de Patrulha em Local de Risco.
O tipo de armamento utilizado vai desde a pistola individual até as armas longas, como os fuzis de calibres 556 e 762, armas potentes justamente para fazer frente a uma ocorrência mais complexa e que exija um maior poder de fogo, “sempre em apoio aos batalhões em que tenham a circunscrição territorial”.
O oficial salientou ao G1 que “esse treinamento é importante, é diário, e justamente para isso: para qualquer coisa que exceda a normalidade".
"Então, o Baep entra no patrulhamento numa situação de rotina, mas sempre pronto e apto a atuar nas ocorrências mais complexas e mais graves em apoio, seja a policiamento de área, policiamento ostensivo, policiamento ambiental, rodoviário e outras organizações também, Polícia Civil, Polícia Federal, em operações conjuntas”, enfatizou.
Atuação quase 24h
O Batalhão de Ações Especiais atua de 16h a 20h ininterruptas por dia em toda a região do CPI-8, que abrange 67 municípios, em uma extensa área de 29.616 km².
Diante da grande abrangência, há um sério planejamento para direcionar os patrulhamentos.
São observados semanalmente os pontos onde ocorreram e ocorrem crimes, principalmente aqueles contra a vida e contra o patrimônio, bem como dados criminais da semana anterior e até do ano anterior para que o Baep atue de forma pontual no tipo de crime a coibir e em quais territórios.
“A gente faz a análise de qual a natureza [criminal], quais os dias de maior incidência, quais as faixas de horário e aí o pessoal se desloca dentro dessa área, que é bastante significativa. É um Batalhão, mas embora seja um batalhão atua em quase 30 mil km², o que representa quase 12% do território paulista”, declarou Negri ao G1.
Além do Canil, que conta com 27 cães prontos e quatro filhotes em teste – a expectativa é de que o plantel chegue a 40 animais – há o Grupamento de Polícia Montada, a Cavalaria, que atua também em áreas específicas e executa a Equoterapia.
Com expectativa de chegar a 14 cavalos, a Cavalaria conta, atualmente, com 11. Destes, três cavalos integram o Programa de Equoterapia.
A preparação para atuar em Controle de Distúrbios Civis também é realizada com o policial montado. “O pessoal está iniciando os treinamentos para uma eventualidade em grandes eventos, ou situações de reintegração de posse, áreas que justifiquem a utilização do policial montado”, contou o comandante ao G1.
“Esperamos que não aconteça, mas se acontecer, não pode depender só da sorte, tem que estar treinado. Por que? Exatamente pra isso que existe, foi criado, é política de governo, o Baep é um Batalhão de Ações Especias e deve atuar em suplemento quando todos os critérios técnicos, de logística, de capacidade de armamento extrapolam a capacidade da PM territorial. Tem que estar treinado e saber o que vai fazer”, colocou.
Negri ainda destacou que sempre há policiais que participam de cursos em São Paulo para serem multiplicadores do conhecimento na sua respectiva unidade. Tiro, direções ofensiva e defensiva, cinotecnia (Canil), polícia montada, conduta de patrulha, entre outros.
Continua…
O Batalhão está no início e atuará pela primeira vez em período de fim de ano, com férias, viagens, saídas temporárias de presos e incidências criminais.
“Mas já temos know-how, experiências de outras unidades, boa parte dos policiais são daqui e moram aqui, e na questão operacional, vamos direcionar o policiamento exatamente com a demanda da análise criminal”, disse o tenente-coronel coronel ao lembrar das revisões semanais. “Onde acontece com o que está acontecendo, onde aconteceu com o que está acontecendo. Essa é a análise principal”, acrescentou ao G1.
Negri ainda colocou “que é uma época de férias, há um grande número de pessoas que deixam as residências, que viajam, tem ausências de moradores e recebem visitantes, há o indulto de Natal, que é uma atenção especial em todo o Estado, no País inteiro, e vamos atuar diuturnamente”.
Vigilância
Em 11 de abril de 2019, há exatos seis meses, foi inaugurado o 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia do Comando de Policiamento do Interior – Oito, em Presidente Prudente, em solenidade que contou com a presença de autoridades, entre elas o governador João Dória Júnior (PSDB).
Antes mesmo de começarem os patrulhamentos oficiais, a tropa passou por diversos treinamentos com o padrão das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).
Os homens e mulheres levam evidenciado em seu uniforme policial militar o brasão, que carrega significados que vão desde hierarquia, audácia e proteção à sociedade, até a ostentação da sua área de atuação e vigilância.
A identidade da unidade de Ações Especiais carrega o mapa do Estado de São Paulo, sobreposto pela imagem da “Rosa dos Ventos”, em sua região Oeste, área de atuação do Batalhão, sob o olhar de uma águia movente, “que simboliza o poder, a prosperidade, a vitória e a vigilância dos integrantes do 8º Baep no compromisso de servir e proteger a sociedade”.