Incêndio de 10 dias na foz do Rio do Peixe destrói 900 hectares de biodiversidade no Oeste Paulista

21/06/2024 08h30 Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoena) enviou ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) pedido de apoio emergencial no combate às chamas.
Por: G1, Panorama - SP
Incêndio de 10 dias na foz do Rio do Peixe destrói 900 hectares de biodiversidade no Oeste Paulista (Incêndio de 10 dias na foz do Rio do Peixe destrói 900 hectares de biodiversidade no Oeste Paulista — Foto: Apoena)

A Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoena) enviou ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) um pedido de apoio emergencial no combate às chamas que atingiram, durante 10 dias, o “Pantaninho Paulista”, região da foz do Rio do Peixe junto ao Rio Paraná, entre Presidente Epitácio (SP) e Panorama (SP).

Ao g1, o presidente da Apoena e representante do Consema na região, Djalma Weffort, explicou que o incêndio teve início no dia 7 de junho, com um foco pequeno, porém, no dia 10, já havia atingido boa parte do local, habitado por espécies ameaçadas de extinção, sendo controlado somente nesta quarta-feira (19).

“Aquela é uma região brejosa, de várzea, por isso, o acesso é difícil. O incêndio tomou a vegetação úmida nas duas margens do rio, inclusive algumas ilhotas. A gente supõe que houve perda de biodiversidade”, ressaltou o ambientalista.

Participaram do combate às chamas equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar Ambiental, do Helicóptero Águia da Polícia Militar, das prefeituras locais, além de funcionários de fazendas vizinhas e de membros da própria Apoena, que deslocaram um trator para fazer o aceiro, na tentativa de cessar a propagação das chamas para as demais áreas de vegetação.

Esses episódios estão vindo cada vez mais cedo e de forma mais intensa. É o reflexo das mudanças climáticas.

Diante disso, o pedido de ajuda ao Consema, para além do combate emergencial do fogo, visa a implementação de ações preventivas futuras para que a biodiversidade do Pantaninho Paulista seja preservada.

“Agora, o pedido está em análise pela Secretaria Executiva do órgão”, informou ao g1 Weffort.

Ameaça às espécies

O avanço das chamas foi captado por imagens de satélite monitoradas pela Apoena. Conforme Djalma, estima-se que cerca de 900 hectares foram completamente destruídos ao longo dos 10 dias.

“Isso equivale a 900 campos de futebol”, observou.

Ainda segundo o ativista ambiental, “nunca será possível medir o quanto de vida foi perdida no incêndio”, já que a região é o lar de inúmeras espécies, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), a anta brasileira (Tapirus terrestris) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla).

“Algumas espécies nós só encontramos lá, por estarem ameaçadas de extinção”, enfatizou ao g1.

A preocupação, agora, é com o retorno dos focos de incêndio devido às condições do vento e do próprio calor, uma verdadeira ameaça aos seres vivos, de acordo com Weffort.

Estado de emergência

A região de Presidente Prudente (SP) encontra-se em estado de emergência quanto ao risco de queimadas. Foi o que apontou o Mapa de Risco de Incêndio publicado na segunda-feira (17) pelo Centro de Gerenciamento de Emergência da Defesa Civil Estadual (CGE).

A ausência de chuva e a baixa umidade relativa do ar estão entre as justificativas para o risco elevado de incêndios florestais no extremo oeste do Estado de São Paulo, que está no mais grave estágio de risco, dividido entre:

• Baixo (amarelo);

• Alto (laranja);

• Alerta (vermelho); e

• Emergência (roxo).

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