O movimento Outubro Rosa surgiu em 1997 com o intuito de alertar as mulheres da importância do autoexame e dos exames preventivos. Tido como o segundo tipo de câncer de maior ocorrência entre público feminino, o câncer de mama tem alta incidência de cura quando detectado precocemente.
A exemplo disso estão as histórias da Ana Lúcia Rapaci Finotti Ramos (56) e Ângela Maria Martins Ferraro (64), que conseguiram vencer a doença e hoje contam a jornada de luta e redescobertas que as fizeram chegar até aqui.
Ana Lúcia Rapaci Finotti Ramos, 56 anos
"Eu tinha 43 anos de idade e, para a minha surpresa, eu fui diagnosticada com um câncer de mama. A médica me disse que a única solução para mim seria fazer a mastectomia, que é a retirada total da mama - no meu caso, a mama direita.
Com a notícia, claro, a gente perde o chão, passa mil coisas na cabeça da gente. Cirurgia, anestesia, tratamento, enfim, tudo! Uma notícia dessas não é muito boa de receber. Mas, eu reagi de uma maneira diferente, depois que a ficha cai, depois que passa uns dias, a gente pensa e eu vi que a minha fé, confiança, determinação e coragem, me levaram a enfrentar tudo com uma força que jamais pensei que possuía ter. Eu disse, "essa doença não vai me vencer", e surpreendi a todos. A mim, ao meu marido, a minha família, com a decisão rápida pela cirurgia e tratamento.
Nunca perguntei pra Deus 'porque eu', e sim 'para que isso aconteceu comigo?'; e a resposta veio: para me tornar uma pessoa melhor. Tem a Ana antes do câncer, e a Ana depois do câncer. Me senti mais sensível, solidária e vitoriosa.
Hoje, treze anos depois, estou bem e com muita vontade de viver. O que eu tenho para dizer para as mulheres: Façam os seus exames. Façam as suas mamografias, ultrassom todo ano, porque eu não sentia nada, nenhum caroço, eu não sentia dor, eu não sentia nada. Foi através de um exame de rotina que descobri esse câncer e, para minha sorte, era pequeno e teve um tempo para ser tratado, estava em tempo de ser tratado.
Por isso, eu peço a vocês mais uma vez: Faça exames de prevenção, isso pode salvar a sua vida, como salvou a minha.
Sonho? Tenho, claro, todo mundo tem. Todo mundo tem sonhos, e o meu eu quero muita saúde para continuar a ser feliz. Agradeço a Deus pela minha vida, por estar aqui, dando esse testemunho para ajudar a outras mulheres".
Ângela Maria Martins Ferraro, 64 anos
"Sempre me cuidei, fiz os exames anualmente e, como de costume, em outubro de 2013 realizei todos eles. Mas, após a mamografia fiquei com muitas dores na mama esquerda, o que fez com minha ginecologista me encaminhasse a uma mastologista que pediu mais exames com urgência. Fiz o que foi pedido e, ao ser chamada para saber os resultados, veio aquela notícia que ninguém quer ouvir: você está com Câncer de Mama.
Com esse diagnóstico inicial precisei me submeter a diversos exames, como ressonância, biópsia, tomografia para identificar com maior precisão o tipo e o tamanho do tumor. A partir daí foi traçado o meu tratamento, que foi iniciado pela cirurgia para a remoção do tumor.
A batalha começou no dia 13 de maio de 2014, dia da cirurgia! No meu caso, entrei no centro cirúrgico sabendo apenas que iriam fazer o que fosse melhor e, com a graça de Nossa Senhora de Fátima, não foi preciso fazer a tão temida mastectomia, somente a retirada de uma pequena porção da mama esquerda.
A recuperação foi sem poder fazer muito esforço, aguardando os resultados para saber qual seria o próximo passo do tratamento que seria a quimioterapia. Realizei 6 sessões das vermelhas, uma a cada 21 dias, que duraram mais ou menos 6 meses. Graças a Deus os tratamentos estão bastante avançados e tive poucos efeitos colaterais. Inicialmente sentia bastante cansaço e enjoo e, no decorrer do tratamento veio a queda de cabelos e pelos, a imunidade bem baixa, muito inchaço devido ao uso de corticoide, enfim, não foi nada fácil, mesmo tendo poucos efeitos colaterais como no meu caso.
Ao fim das sessões de quimio precisei realizar uma nova bateria de exames para dar início as radioterapias. Fiquei um mês de folga e em dezembro de 2014 comecei essa nova etapa que era composta por 30 sessões de segunda a sexta-feira.
Passei por vários momentos difíceis nessa jornada: a notícia que mais parece a vivência de um luto, a angústia da espera dos resultados dos exames, a convivência com restrições e muitos pensamentos ruins. Mas, logo após o choque inicial, dizia para mim mesma: 'Deus não escolhe os capacitados. Ele capacita os escolhidos', e foi então que percebi, as únicas coisas que estavam ao meu alcance eram seguir o tratamento e viver um dia de cada vez.
Claro que também foram necessárias muitas coisas que me ajudaram, como por exemplo, confiar em bons profissionais, o apoio de familiares e amigos e principalmente o amor pelos meus netos. Isso foi o que me impulsionou e me deu forças para continuar a luta contra o câncer de mama.
Hoje, estou aqui, 4 anos depois, feliz e saudável e muito, mas muito grata por ter vencido essa luta! Tenho aprendido, dia após dia, que cada uma tem o seu jeito, suas lutas diárias no organismo e somos diferentes umas das outras e cabe a todos respeitar e amar seu próximo do jeito que ele é.
Há quem diga que câncer é castigo, que é rancor. Eu digo que ninguém está livre disso. Não tem nada que possa prevenir quando ele tem que vir. Mas a descoberta precoce leva à cura SIM. Se você se conhecer, se você fizer os exames periodicamente, você pode salvar sua vida. Quem procura, acha, e quem acha, cura!".
O câncer de mama, quando descoberto no início, tem 95% de chance de cura. Por isso o autoexame e os exames preventivos são indispensáveis não só em outubro. Afinal, o mês acaba, mas a luta contra esta doença não.
Lembre-se sempre, se tocar é um ato de amor!