Produção industrial cresce 0,7% em fevereiro, mas ainda acumula queda no ano

03/04/2019 06h37 Em 12 meses, setor ainda mantém desaceleração observada desde julho de 2018. Indústria extrativa tem maior queda desde 2002, afetada por desdobramentos da tragédia de Brumadinho.
Por G1 , Brasil
Produção industrial cresce 0,7% em fevereiro, mas ainda acumula queda no ano .

A produção industrial brasileira registrou alta de 0,7% em fevereiro, na comparação com janeiro, eliminando a queda de 0,7% do mês anterior, segundo divulgou nesta terça-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com fevereiro do ano passado, a produção do setor cresceu 2%, interrompendo três meses consecutivos de taxas negativas.

O resultado de fevereiro foi beneficiado pelo efeito-calendário, "já que em 2019 o mês teve dois dias úteis a mais do que fevereiro de 2018, com o feriado de carnaval transferido para março”, destacou em nota o gerente da pesquisa, André Macedo.

Apesar do crescimento em fevereiro, a indústria ainda tem queda de 0,2% no acumulado do ano, frente a igual período de 2018, o que reforça a leitura de perda de dinamismo do setor em meio a uma recuperação ainda lenta da economia. No acumulado em 12 meses, repetiu o resultado do mês anterior (0,5%), mantendo a desaceleração observada desde julho de 2018.

Os destaques do mês de fevereiro foram as categorias de bens de capital, com crescimento de 4,6%, e de bens de consumo duráveis, com avanço de 3,7%. O segmento de bens de consumo semi e não-duráveis cresceu 0,7%. Já a produção de bens intermediários teve queda de 0,8%, afetada principalmente pela atividade das indústrias extrativas.

Indústria extrativa tem maior queda desde 2002

Segundo o IBGE, houve alta em 16 das 26 atividades econômicas pesquisadas, com destaque para veículos (6,7%), coque e produtos derivados do petróleo (4,3%) e produtos alimentícios (3,2%).

Já as indústrias extrativas sofreram a maior queda da série iniciada em 2002 (-14,8%), principalmente na produção de minérios de ferro, como reflexo dos efeitos do rompimento da barragem de rejeitos de mineração na região de Brumadinho (MG).

Outros impactos negativos vieram dos setores de vestuário e acessórios (-4,8%), de produtos de metal (-2,0%), de móveis (-4,1%), de produtos do fumo (-8,5%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,5%).

Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o resultado de fevereiro mostra uma estagnação da indústria neste começo de 2019. "Andamos em círculo em torno de um ponto de baixíssimo dinamismo atingido após um trimestre recessivo como foi o de outubro a dezembro do ano passado", afirmou em nota.

"Pode ser que estejamos passando por um período menos adverso, isto é, por uma fase de estabilização, mas não deve ser descartada a hipótese de que a produção de fevereiro tão somente reagiu a uma necessidade de recomposição de estoques. De um modo ou de outro, o que não dá para afirmar com certeza é que estamos vendo um retorno do crescimento industrial", acrescentou.

De acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa dos economistas para a indústria neste ano é de uma expansão de 2,5%, acelerando a 3% em 2020.

Já para o PIB, o mercado reduziu a estimativa de alta para o ano de 2019, pela primeira vez, para um patamar abaixo da marca de 2%. A previsão recuou de 2% para 1,98% na semana passada. Foi a quinta queda seguida do indicador.

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