Adamantinense estava no local e no momento da queda do paredão de rocha em Capitólio

10/01/2022 15h17 Engenheiro estava em um grupo de 14 pessoas. lancha virou com a onda provocada pela queda da rocha.
Por : Sigamais, Capitólio (MG)
Adamantinense estava no local e no momento da queda do paredão de rocha em Capitólio .

EXCLUSIVO | O engenheiro químico Sérgio Luis Rossette Guerreiro, que hoje mora em Belo Horizonte (MG) – filho da educadora aposentada Jocely Rossette Guerreiro, moradora em Adamantina – estava no local e no momento da queda do paredão de rocha no Lago de Furnas, na cidade mineira de Capitólio, ocorrido no sábado (8), por volta do meio dia.

O SIGA MAIS fez contato com a aposentada na manhã desta segunda-feira (10). De acordo com Jocely, Sérgio estava em um grupo de 17 pessoas, entre familiares e amigos. Do grupo, 14 foram fazer o passeio de lancha. Cinco delas eram crianças, das quais duas são netos da moradora de Adamantina. “Estavam 20 metros do local de onde caiu a rocha e disseram que foi assustador”, conta Jocely. “A lancha virou com a onda provocada pela queda da rocha. Todos caíram na água. Alguns se machucaram com fraturas, entre elas a minha nora e duas cunhadas do meu filho”, descreve. “Esses pedaços de rocha voaram por todas as direções. O Sérgio, os dois filhos, um cunhado e um sobrinho nada sofreram”, continua.

As duas cunhadas do adamantinense foram entrevistadas pelo Fantástico, em reportagem sobre a tragédia exibida neste domingo.

A queda da coluna de rocha atingiu pelo menos quatro barcos de turistas. As vítimas foram levadas para hospitais das cidades de Passos, Piumhi e São José da Barra. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMG), pelo menos 30 pessoas ficaram feridas.

Tragédia fez 10 mortos e buscas devem continuar no local

As buscas no Lago de Furnas continuarão pelos próximos dias, anunciaram neste domingo a Defesa Civil e a Polícia Civil de Minas Gerais. Segundo os órgãos, os trabalhos prosseguirão porque, embora todos os dez mortos tenham sido resgatados, algumas vítimas tiveram somente pedaços de corpos encontrados. 

Além disso, a polícia aguarda eventuais comunicações de novos desaparecimentos, no caso de eventuais turistas que estavam sozinhos. “Pode ser que uma pessoa ou um casal estivesse caminhando e tenha caído uma pedra. Até o momento, nenhum dos órgãos recebeu informação de outros desaparecidos. Nós estamos iniciando e não temos pressa de terminar os trabalhos”, disse o delegado Marcos Pimenta, da Polícia Civil mineira.

Até a manhã desta segunda-feira, oito pessoas foram identificadas. Os dez mortos estavam hospedados em uma pousada em São José da Barra (MG). Eles eram familiares e amigos uns dos outros.

Responsabilidades

O sargento da Defesa Civil de Minas Gerais Wander Silva informou que a apuração sobre a falta de fiscalização e de medidas de segurança, que poderiam ter prevenido a tragédia, será discutida na investigação do inquérito aberto pela Marinha.

“Este não é o momento [de discutir isso]. Estamos concentrados nas buscas, e essas responsabilidades, no decorrer do inquérito, serão apuradas. Isso será verificado posteriormente”, argumentou. Cerca de duas horas antes da tragédia, a Defesa Civil mineira emitiu um alerta de cabeça d´água (forte enxurrada em rios provocada por chuvas) para a região de Capitólio, mas os passeios turísticos continuaram normalmente.

Reunião

Os prefeitos de São José da Barra, Paulo Sergio de Oliveira, e de Capitólio, Cristiano Silva, anunciaram que medidas para reforçar a segurança do turismo no Lago de Furnas serão discutidas nesta segunda-feira. O encontro reunirá prefeitos da região e representantes da Defesa Civil de Minas Gerais, da Polícia Militar e da Marinha.

Segundo o prefeito de Capitólio, uma lei municipal de 2019 disciplina o turismo no cânion, proibindo banhos na área de circulação das lanchas e limitando a 40 o número de embarcações que podem permanecer por até 30 minutos na área do cânion. Além disso, normas da Marinha estabelecem o ordenamento da orla do lago.

Ele admitiu, no entanto, que, até agora, não existia uma norma sobre a distância mínima entre as lanchas e os paredões rochosos. Segundo ele, um perímetro mínimo de segurança só poderá ser definido após estudo técnico. O prefeito ressaltou que o desprendimento de um bloco tão grande é inédito na região.

“Meu pai vive aqui há 76 anos e nunca viu um desligamento de rocha desses. Acredito que, daqui para a frente, a gente precisa fazer uma análise [geológica]. Aquelas falésias estão ali há milhares de anos. Essa formação rochosa de quartzito tem essas fendas e fissuras. Já foram feitos vários estudos geológicos. Se tinha algum risco, tinha de ser emitido por um órgão superior”, explicou.

O prefeito disse ainda que uma foto de 2012, divulgada ontem nas redes sociais, com paredão com fissura larga, não se refere à rocha que desabou, mas a um que continua intacto no trecho central do cânion. De acordo com ele, a fissura no bloco que desmoronou era menor que a da pedra mostrada na foto.

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