Já diz o ditado: "mentira tem perna curta". Mas uma mentirinha aqui ou ali não faz tão mal assim, ainda mais em 1º de abril, quando comemora-se o Dia da Mentira. Na data é comum pregar peças com amigos e familiares e o costume tem ido tão longe nos últimos anos que até as marcas aderiram à brincadeira. Só que às vezes bate aquela pergunta: de onde surgiu esse evento?
Apesar de parecer recente, a verdade é que o Dia da Mentira é tão velho que remonta à época da Idade Média. E mesmo que tenha uma carinha de brincadeira brasileira, na verdade, a data começou a ser propagada na França, no século 16, com um simbolismo histórico.
Qual é a origem do Dia da Mentira?
Na idade média, o calendário era um pouco diferente do que estamos habituados hoje, chamado de calendário gregoriano. Naquela época, na França, o ano "virava" no dia 1º de abril — ou seja, a semana que antecedia a data era a de comemoração do Ano Novo —, seguindo o calendário juliano. Quando o então rei Carlos 9º decidiu adotar o formato moderno, em 1564, demorou para que a população de fato acreditasse nele.
No entanto, como o novo calendário já estava decretado, quem foi resistente à troca da data recebeu o apelido de "bobo de abril". Essas pessoas eram alvo de diversas piadas e brincadeiras, desde convites para festas de ano novo imaginárias até presentes e cartões de comemoração. Dali para frente o 1º de abril ficou conhecido como o Dia da Mentira e se espalhou por todo o mundo.
O Dia da Mentira no Brasil
São muitos os países que "comemoram" o Dia da Mentira, até mesmo com relatos de "fake news" em jornais e folhetins. No Brasil, o primeiro registro de uma mentira no dia 1º de abril apareceu em um jornal mineiro, em 1828, com a notícia de que o então rei Dom Pedro I havia morrido.
Em Londres, a BBC também já pregou algumas peças em seus leitores. Em 1980, o canal anunciou que o Big Ben, relógio famoso da capital da Inglaterra, seria substituído por um outro digital e chamado de "Digital Dave". Claro, a notícia era falsa e fazia parte da brincadeira.
Nos Estados Unidos, em 1992, a National Public Radio (NPR), também uma emissora pública de comunicação, veiculou entrevista do comediante Rich Little em que ele se passava pelo ex-presidente Richard Nixon. No quadro, chamado “Conversa da Nação”, o personagem afirmava categoricamente que se candidataria novamente à Presidência naquele ano. O problema é que Nixon, figura política controversa, havia renunciado durante processo de impeachment em 1974 pelo envolvimento no escândalo de Watergate, o que gerou revolta nos ouvintes.
A emissora ficou com todas as linhas telefônicas congestionadas até que, em determinado momento, foi anunciada a pegadinha do Dia da Mentira.