No último ano, 100% das latas de alumínio produzidas no Brasil — o equivalente a 390,2 mil toneladas — foram recicladas. O dado divulgado por meio de relatório da entidade Recicla Latas, em parceria com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), expõe um fato inédito e mostra que o país se consolida como referência internacional nessa seara, reaproveitando por completo um material que levaria entre 200 e 500 anos para se decompor.
Há pelo menos uma década, mais de 95% das latinhas brasileiras têm a reciclagem como destino final. A título de comparação, nos EUA, esse índice é de 45%. Na Europa, 73%.
— Há um ciclo de sucesso no Brasil, com números acima da média mundial. Esse é um movimento que traz benefícios sociais, econômicos e ecológicos. Nos últimos dez anos, 16 milhões de toneladas de gases de efeito estufa deixaram de ser lançadas na atmosfera devido à reciclagem das latinhas de alumínio — destaca Cátilo Cândido, presidente executivo da Abralatas.
Organizações vinculadas ao mercado reivindicam, nos últimos anos, políticas públicas estruturantes para quem atua na linha de frente dessa cadeia (re)produtiva. Hoje, estima-se que haja cerca de 800 mil catadores no país, segundo informações da Associação Nacional dos Catadores. A grande maioria, no entanto, trabalha informalmente, e de maneira precária, nos grandes centros urbanos.
— Catadores são verdadeiros agentes ambientais no Brasil. Eles fazem um trabalho fundamental. Então é preciso, sim, a construção de políticas públicas nesse sentido, voltadas para essa classe de profissionais — ressalta Cândido.
Em 2021, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal aprovaram um projeto de lei de incentivo à reciclagem — que traz a possibilidade de pessoas físicas e jurídicas deduzirem do Imposto de Renda o apoio a projetos do setor, além da criação de um fundo de apoio a ações de reciclagem. O mecanismo, porém, ainda não foi regulamentado. (Gustavo Cunha)