Uma vacina que protege contra cinco doenças e está em falta em vários postos de saúde da região, está com estoque normalizado em Osvaldo Cruz.
Franciele Anselmo de Campos, Enfermeira responsável pela Sala de Vacinas do Centro de Pediatria de Osvaldo Cruz, falou sobre o assunto com a reportagem do Portal Metrópole de Notícias. "Sabemos que em algumas cidades da nossa região essa vacina está em falta, mas os estoques da penta aqui em Osvaldo Cruz estão normalizados. A pentavalente é a combinação de cinco vacinas em uma e protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra uma bactéria responsável por infecções no nariz, meninge e garganta. Os bebês devem tomar as doses aos dois, quatro e seis meses de vida.", disse.
Segundo Franciele Anselmo de Campos, o estoque da vacina DTP, (Tríplice Bacteriana) que protege contra Difteria, Tétano, Coqueluche, provavelmente se normalize ainda em janeiro. "Nós temos uma lista de espera para tomar a DPT, então estamos realizando atualizando essa lista e acredito que vamos conseguir suprir com a quantidade que chegou. Ainda esse mês, acredito que o estoque de DTP também estará normalizado. Estamos convocando as crianças que estavam aguardando a DTP e também algumas para tomar penta.", destacou.
A Enfermeira responsável pela Sala de Vacinas do Centro de Pediatria lembrou também que o calendário da vacina contra a Febre Amarela modificou. "Tivemos uma modificação no calendário da febre amarela e agora as crianças precisam tomar um reforço aos 4 anos. Esse reforço será acrescentado a partir de agora e pedimos para que os pais das crianças nascidas a partir de 2013, procurar a Unidade de Saúde mais próxima de sua residência. A única contraindicação desta vacina é se a criança tiver alergia grave a ovo.".
Em Osvaldo Cruz, todas as vacinas podem ser encontradas na Sala de Vacinas do Centro de Pediatria e nos PSF’s (Postos de Saúde da Família) Álvaro Campoy, Vale do Sol e São José.
Pais podem levar multa e até perder guarda da criança se não vacinarem os filhos
Em meio à queda da cobertura vacinal e reaparecimento de doenças erradicadas, como o sarampo, casos de famílias que não vacinam os filhos têm chegado à Justiça, que passou a determinar a imunização das crianças. Nos últimos seis meses, houve ao menos três episódios no País. Especialistas explicam que a vacinação é um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e que a falta de proteção contra doenças põe a vida das crianças em risco. Nesses casos, os pais podem ser multados e até perder a guarda da criança.
O caso mais recente foi no início de janeiro, quando a Justiça de Minas determinou que um casal vacinasse os dois filhos. Os pais diziam que tinham se baseado em artigos científicos e informaram que se converteram a uma religião que proíbe a "contaminação por vacina". Após perder a ação em 1ª instância, a família recorreu, mas perdeu.
Para fundamentar sua decisão, o desembargador Dárcio Lopardi Mendes citou a Constituição, que "proclama a saúde como direito social" e "preconiza que a saúde é direito de todos e constitui dever do Estado assegurá-la, de forma a resguardar um bem maior: a vida". O caso corre em segredo de Justiça. A reportagem conseguiu localizar a família, da região de Poços de Caldas (MG), mas ela não quis se manifestar.
Também foi com base na Constituição que Carlos Roberto da Silva, desembargador da 7.ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), determinou que um casal de Rio do Sul, região do Alto Vale catarinense, atualizasse a carteira de vacinação dos três filhos em julho de 2019.
"Tem o arcabouço que começa na Constituição, pois é obrigação do Estado de garantir a saúde e isso suplanta determinadas convicções pessoais. O ECA também contempla essa obrigatoriedade dos pais em relação à saúde e do ensino. A vacinação é um dever dos pais e um direito das crianças e adolescentes", disse o desembargador ao Estado.
A ação havia sido ajuizada pelo Ministério Público e a família recorreu.
"O argumento deles era um temor de que os filhos pudessem ter alguma rejeição. Solicitamos consulta médica nas crianças para afastar a hipótese de rejeição, o agravo foi julgado e foi mantida a decisão de proceder a vacinação sob pena de multa. É uma demonstração dessa lamentável situação de abandono dos pais em relação à obrigatoriedade das vacinas."
Em São Paulo, o Ministério Público Estadual (MPE) resolveu intervir no caso de uma família de Paulínia, que não queria vacinar o filho de 2 anos.
"O casal informou que optou por um crescimento de 'intervenções mínimas', que o filho estava saudável e que ele não ia à escola, portanto, estaria 'longe de riscos de infecções'", informou a assessoria do órgão.
A queda da cobertura vacinal é um problema que tem se acentuado nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, das oito vacinas obrigatórias para crianças de até 1 ano de idade, apenas a BGC, que protege contra a tuberculose e é dada após o nascimento, atingiu a meta de 95% em 2018.
A cobertura da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, caiu de de 102,39% em 2011 para 91,98%. Segundo o ministério, com as campanhas realizadas no ano passado, 2019 conseguiu superar a meta e 99,4% das crianças de 1 ano foram vacinadas - a pasta não informou a cobertura das demais vacinas e afirmou que os dados ainda estão em consolidação.