A Leishmaniose é uma doença infecciosa que acomete os cães, pode também contaminar os gatos e faz vítimas humanas, podendo levar a morte em caso extremo.
Em Osvaldo Cruz, os casos têm aumentado com frequência, e a reportagem do Portal Metrópole de Notícias ouviu o médico veterinário Dr. Luís Paulo da Ponte Rigoletto. “Trata-se de uma zoonose que ataca principalmente a raça canina, sendo quem os cães são hospedeiros da doença, mas acomete também os humanos e hoje também acometem os gatos, sendo que a transmissão não ocorre de individuo para individuo, e sim através do mosquito palha, que faz a transmissão da doença.”, disse.
Várias partes do corpo do animal podem ser atacadas pela doença, sendo que há casos de órgãos específicos como fígado, baço, rim, pele, sendo encontrados pacientes com lesões oculares levando a cegueira por conta disso, e que difere muito de paciente para paciente.
Segundo o entrevistado, um dos maiores problemas com relação ao diagnóstico é o fato de muitas vezes o animal estar contaminado, mas não apresentar nenhum sinal. “Cerca de 60% dos animais que tem a doença são assintomáticos e não apresentam nenhum sinal clínico e ele pode assim permanecer por até sete anos, se tornando um grande problema, pois ele vai ser hospedeiro podendo espalhar a doença caso haja no meio onde ele vive a presença do mosquito palha, que vai picar o canino e repassar para outros indivíduos. Quando o paciente manifesta o problema, aí notamos o crescimento exagerado das unhas, lesões de pele que não cicatrizam, emagrecimento progressivo, descamação da pele semelhante a uma caspa, perda de apetite entre outros.”, comentou o veterinário.
Luís Paulo disse também que o profissional começa a ter algumas sugestões da doença com os exames de sangue, um hemograma, no caso dos animais que não apresentam nenhum sinal clínico.
O grande tormento causado por essa doença é o fato de não ter cura e o portador ter que viver com o problema, sendo que os tratamentos conseguem inibir o sofrimento dando uma melhor qualidade de vida, mas não tem como eliminar o mal, e no futuro, a contaminação vai atacar os órgãos do animal de maneira mais severa. “O animal portador da doença que faz um tratamento com o médico veterinário vai atingir um momento de não ter mais nenhum sinal clínico, vai estar bonito, porém a cura parasitológica nunca vai ocorrer, então esse animal vai ter que ser sempre observado, passar pelo veterinário com exames, tratamentos pro resto da vida, fazendo com que o bichinho viva melhor.”, disse o Dr. Luís Paulo.
Os veterinários têm trabalhado no sentido de inibir a doença procurando afugentar ou eliminar o inseto, pois o contato direto com o animal doente não tem risco da contaminação da pessoa, cão ou gato.
Perguntado sobre a situação da doença em Osvaldo Cruz, o médico veterinário disse que os diagnósticos são quase que diários em sua clínica. “Aqui na Cemev, a situação é alarmante, pois praticamente todos os dias existem novos diagnósticos, muitos casos na cidade e também na região, ou seja, podemos dizer que em termos de Leishmaniose estamos no olho do furacão. Dentro do trabalho de atendimento da clínica, existem pacientes de Rinópolis, Parapuã, Salmourão, Lucélia, enfim, o problema está em toda região.”.
O aconselhável, caso a pessoa tenha qualquer dúvida sobre a saúde de seu animal, é procurar um médico veterinário.
O entrevistado fez questão de dizer que como a doença já é crônica, sendo que os primeiros casos foram registrados por volta de 2008, e o maior problema é fazer o diagnóstico da doença, pois hoje muitas vezes o exame não é conclusivo, temos falsos positivos e falsos negativos, já que muitos casos vão detectar anticorpos que o organismo produz contra a Leishmaniose, mas se pegarmos um paciente debilitado ou aquele que já nasceu com a doença, pois a mãe contaminada passou para a cria, esse paciente vai dar negativo no exame, mesmo tendo até sinais clínicos. “Hoje muitos diagnósticos são feitos através de biópsia, pois o exame de sangue não dá uma resposta e ai temos que fazer um exame mais sofisticado através de um fragmento de pele.”.
Questionado sobre as formas de prevenção da doença, o médico veterinário Dr. Luís Paulo citou as consideradas mais eficazes, como vacina que deve ser aplicada anualmente, o uso de coleiras repelentes e o uso de desinfetantes a base de citronela, por exemplo, já que essa planta é um repelente natural.
(Foto: Dr Luís Paulo da Ponte Rigoletto)