O Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 de março, porque no dia 8 de março de 1917, milhares de mulheres se reuniram no protesto na Rússia que ficou conhecido como "Pão e Paz".
Nesse protesto, as mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e de vida, lutaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Entretanto, ao longo da história, outros acontecimentos recordam a luta das mulheres, que faziam longas jornadas de trabalho, recebiam salários muito baixos e, além disso, não tinham direito ao voto.
Anterior ao movimento das operárias russas, em 1908 houve uma greve das mulheres que trabalhavam numa fábrica de confecção de camisas, nos Estados Unidos.
Assim, além de reivindicarem melhores condições de trabalho e diminuição da carga horária, as funcionárias buscavam aumento de salários. Isso porque, naquela época, os homens recebiam muito mais do que as mulheres.
No dia 25 de março de 1911, um incêndio na fábrica matou 146 mulheres, dentre as 500 que trabalhavam lá - Desse número, cerca de 20 eram homens. A maioria das funcionárias que morreram eram imigrantes judias e algumas tinham apenas 14 anos.
Local não estava preparado para um incêndio, visto que não possuía extintores, o sistema de iluminação era a gás e era permitido fumar no local.
A reportagem do Portal Metrópole de Notícias ouviu a Delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Osvaldo Cruz, Dra. Patrícia Tranche Vasques, numa entrevista exclusiva, onde a autoridade fala sobre a situação da mulher na atualidade no contexto da violência doméstica.
Segundo a delegada, do ano passado para este houve um aumento significativo nos casos de violência, e houve acréscimo nos pedidos de medidas protetivas, mas a DDM tem conseguido fazer um trabalho muito bom em que está sendo possível combater a violência doméstica e familiar contra a mulher. “As mulheres hoje, talvez pela independência financeira e pela ajuda das redes sociais, elas têm apresentado um maior esclarecimento com relação aos seus direitos, estão denunciando mais ou evitando relacionamentos tóxicos ou abusivos.”, disse.
A profissional da segurança pública acredita também que não se trata de um aumento exagerado dos casos de violência contra a mulher, mas sim os casos existentes que têm chegado mais ao conhecimento das autoridades, ou seja, as mulheres estão criando coragem e denunciando, buscado ajuda para resolver suas angústias. “Hoje nós temos um novo delito no Ordenamento Jurídico, que é o abuso psicológico tratado como crime. O cometimento de algumas condutas em que a vítima passa por uma chantagem emocional, uma ridicularização, isolamento, ameaças cotidianas que causam um dano emocional a vítima. Geralmente é quando o companheiro começa a ameaçar a vítima, falar que a pessoa é feia, que não quer sair com ela por ter vergonha dela, pedir certa comida e dizer que o prato ficou ruim, enfim, coisas que vão machucando e derrubando a autoestima da mulher.”.
Como consequência dessas situações vividas, de acordo com a delegada, a mulher começa a ficar pra baixo, desenvolver depressão, tristeza, síndrome de pânico, perde a vontade de se arrumar, se cuidar e por aí afora. “O pior é que as vezes a vítima começa a achar que tudo aquilo é normal e fica cada vez mais doente, e as vezes pela nossa cultura ou falta de informação, o autor não sabe que está causando tanto mal a vítima, na prática dessas condutas. Mas é bom saber que essa conduta é crime e a pena é alta e não sujeita a representação, ou seja, uma vez registrado o boletim de ocorrência a vítima não pode retirar a queixa, algo que tem que seguir o rito processual normal.”, disse a Dra. Patrícia.
A delegada da DDM comentou que as mulheres precisam saber a hora de encerrar esse ciclo de violência, pois existem vítimas que vivem em círculos de baixa autoestima, de agressão física, de choro, de mágoa, de desespero, de medo e elas tem que ter coragem e romper tudo isso, começando outro círculo, o de paz, de segurança, de alegria. “Às vezes a mulher fica se questionando, como vou me separar se eu tenho filhos, o que minha família vai dizer, o que a vizinha vai falar?....e não é desse jeito porque muitas vezes a mulher está correndo sérios riscos de vida, já que muitos crimes de feminicídio começaram desse jeito. Em muitos casos de feminicídio o crime vem acompanhado da informação de que a mulher demorou muito para procurar ajuda porque os abusos vinham ocorrendo há muito tempo. As vezes a mulher fica na esperança que as coisas vão melhorar, que o companheiro vai mudar, que essa violência vai passar, o que geralmente não ocorre e ainda se torna mais grave.”.
Outro ponto citado pela delegada da DDM de Osvaldo Cruz, é a presença do álcool, drogas usadas pelos companheiros e o inconformismo com o fim do relacionamento. “A outra pessoa não aceita o término do relacionamento e quando a mulher começa a ter outro envolvimento, o assunto se agrava chegando até ao feminicídio e homicídio. Em muitos casos a omissão de pessoas da família, vizinhos, amigos também se torna um problema, pois a vítima pode ser ajudada com uma denúncia anônima, fazendo com que o problema chegue ao conhecimento das autoridades policiais e as medidas sejam tomadas a partir de uma apuração dentro do que determina a lei. Muitos são os casos dessas pessoas que se omitiram e depois da vida perdida ficam se questionando se não deveriam ter agido em prol daquela vítima. A pessoa fica com aquela sensação de omissão, de culpa pelo resto da vida, por não ter tomado uma medida simples que poderia ter ajudado aquela mulher.”, destacou.
A delegada Dra. Patrícias aconselha as pessoas que ao ouviram um grito de pedido de socorro, desespero, acione a Polícia Militar através do telefone 190, que a viatura chega ao local e os policiais estão preparados para auxiliar a vítima.
As pessoas podem também ligar para 197 da Polícia Civil, podendo comparecer a uma delegacia mais próxima, não havendo necessidade de se identificar. A denúncia pode ser feita de maneira anônima.
Por fim a delegada da DDM, Dra. Patrícia Tranche Vasques, deixou uma mensagem para as mulheres no seu dia internacional. “Não mergulhe fundo em águas rasas, muitas vezes a gente se doa tanto, coloca o melhor de nós, e a pessoa pega todo aquele sentimento, toda aquela nossa empolgação, aquele amor e deixa de lado e aí a gente vai sofrer. Que por traz de todo sorriso da mulher, o sorriso seja verdadeiro, da alma, que transborde a alegria verdadeira e para isso, para mulher brilhar, ela precisa estar feliz. Então, quanto maior for a felicidade da mulher, mais ela vai brilhar, pois a gente tem que dar afeto, amor, em todos os sentidos de nossa vida, àqueles que vão nos retribuir, pois não podemos investir num relacionamento já fadado ao fracasso, sabendo que a pessoa não vai retribuir, então que fique sozinha, esperando uma pessoa que te dê uma mão amiga, que caminhe com você, que te dê valor. Valorize-se mulher, pois estamos num tempo que quanto mais a gente se valorizar, mais a gente vai produzir frutos e vai transbordar...Feliz Dia Internacional Das Mulheres a todas da cidade e da região.”.