No próximo domingo, 30 de junho, é comemorado ‘O Dia do Caminhoneiro’ no estado de São Paulo, porque em 1986, o então governador Franco Montoro assinou uma lei que estabeleceu o dia como o Dia do Caminhoneiro, uma data especial para os caminhoneiros do estado.
Existem outras datas que homenageiam essa nobre profissão no Brasil como o dia 25 de julho, por causa de São Cristóvão, padroeiro dos valentes do volante e no dia 16 de setembro, que foi definida em 2009 como Dia Nacional do Caminhoneiro.
A reportagem do Portal Metrópole de Notícias ouviu um caminhoneiro que tem mais de 60 anos de estrada e continua firme no transporte.
O senhor Osnil Octaviani, morador de Osvaldo Cruz, mas que vive na estrada. Sua família teve o capricho de fazer uma contagem pelos anos de estrada e chegou ao número de aproximadamente 9 milhões de quilômetros rodados, sendo que só com o bitrem atual, foi 1 milhão de kms, por enquanto, porque ele pretende continuar na viagem. “São 65 anos de estrada, tirei a carta em 1959, meu pai comprou um Chevrolet a gasolina e aí começou toda a história. Uma vida na estrada por vários estados do Brasil e agora trabalho com um bitrem fazendo fretes por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santos aqui em São Paulo. Tenho 84 anos de idade e felizmente com a saúde ótima, trabalhando sem parar. Numa comparação entre o ontem e o hoje, antes tinha as dificuldades e as facilidades, mas era tudo mais calmo, mais tranquilo, o atendimento era melhor. Agora os caminhões melhoraram, estão mais rápidos, potentes, confortáveis, só que não temos condições de estrada, não temos ponto de apoio, não temos lugar para tomar um banho, você está com sono e é obrigado a andar porque não tem onde parar, então nesse ponto ficou pior. O caminhoneiro hoje não tem onde parar, é obrigado a rodar sem banho e com sono por causa disso. Tem posto que não deixa entrar, não libera o estacionamento se o caminhoneiro não for abastecer, e aí fica difícil.”, disse.
Outra questão levantada pelo caminhoneiro é a violência nas estradas. “Antigamente era bem diferente, bem mais tranquilo, você parava na beira da estrada, o companheirismo era outro, pois você parava no acostamento já paravam dois três motoristas para ajudar. Hoje você pede para o cara parar, ele não sabe se é assalto, acaba indo embora, e você não tem auxílio nem dos companheiros.”, destacou Osnil Octaviani.
Perguntamos ao veterano das estradas qual é a maior dificuldade do caminhoneiro, se é a saudade da família, a violência, estradas ruins, falta de local para ficar e descansar, e o entrevistado disse que tudo isso pesa, mas a saudade da família é o pior. “As vezes você faz uma viagem rápida, mas tem viagem de ficar 30 dias fora de casa, sem ver as pessoas da família, aí a saudade aperta. Além disso acabou o companheirismo, são poucos amigos, você não tem com quem conversar, tem celular, mas cada um segue sua vida e a convivência é difícil.”.
Segundo Osnil Octaviani, ele já conheceu pelo menos a metade do Brasil, faltando apenas o Norte e alguns estados do Nordeste. “Acabei de chegar de Goiás e tem trechos bem precários, com muitos buracos, não tem pedágio, mas a estrada é ruim. A noite isso se torna um perigo, pois você vai passar nesses buracos a 05 por hora, corre o risco dos bandidos te assaltarem”.
De acordo com o caminhoneiro, se fosse possível voltar no tempo, ele começaria tudo de novo nesta profissão e também não pensa em deixar a estrada. “Embora já aposentado, pretendo continuar viajando e trabalhando, pois a saúde está boa, a vista boa, cabeça firme e ainda dirijo muito bem. E sobre conselho para os novos caminhoneiros é que cuidem bem da saúde, não se envolver com o vício de drogas, bebidas e rebite. Um abraço para todos os companheiros de estrada, Deus abençoe a todos e vamos em frente, vamos rodar Brasil afora.”, finalizou Osnil Octaviani.