Setembro Amarelo: Mês de Conscientização e Prevenção ao Suicídio

26/09/2023 08h30 A Reportagem do Portal Metrópole de Notícias falou sobre o assunto com o Médico Dr. Marcelo Cabrini de Campos, especialista em Psiquiatria.
Redação - Wilson Bettiol , Osvaldo Cruz (SP)
Setembro Amarelo: Mês de Conscientização e Prevenção ao Suicídio (Foto: Mimoso do Sul ES)

 

O Setembro Amarelo é o mês que marca a campanha de conscientização sobre e prevenção do suicídio. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, desde 2014 se comemora o Setembro Amarelo e em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil realiza essa conscientização da sociedade para fomentar informações relacionadas a prevenção do suicídio no país.

Durante todo mês, a iniciativa tem como objetivo chamar a atenção para a importância de discutir e promover ações a respeito do assunto.

A campanha está em sua 9ª temporada, trazendo em 2023 o tema “Se Precisar, Peça Ajuda”.

A reportagem do Portal Metrópole de Notícias abordou o assunto com o médico Dr. Marcelo Cabrini de Campos, que tem especialização em psiquiatria, que destacou a diferença das funções dos profissionais da psicologia e psiquiatria, ou seja, quais são os papeis deles no tratamento das questões mentais. “Tanto o psicólogo, quanto a psiquiatria trabalham em prol a saúde mental, os dois ajudam o paciente a ter um equilíbrio mental, psicológico ou psíquico. A psiquiatria é uma especialização médica, tratando com medicamentos, enquanto o psicólogo trabalha mais com terapias. De uma forma geral, um complementa o outro.”, disse.

Segundo o entrevistado, na maioria dos transtornos mentais e dos problemas emocionais, a indicação é sempre que passe pelos dois profissionais. “Os dois estão preparados para cuidar desses pacientes com questões emocionais que levam a esses pensamentos suicidas, ajudando a salvar muitas vidas. A tentativa de tentar ceifar a própria vida é considerada a emergência máxima dentro da questão da saúde mental, é o ponto máximo do desespero, da angústia, é o onde a pessoa não está aguentando mais a dor da alma. Existem várias questões que contribuem para isso como depressão, uso de álcool e droga, transtorno de personalidade, esquizofrenia, tudo isso pode ajudar a chegar a esse ponto extremo, da pessoa não estar aguentando mais a situação, e aí ela achar que tirar a vida seria a solução, mas na verdade não é. A solução é procurar ajuda, se tratar, se reequilibrar e reencontrar a alegria de viver.”.

O médico destacou ainda sobre pessoas com fatores de risco maiores que podem vir a pensar sobre o fato, além de quem já tentou uma vez, que já carrega um fator de risco muito grande e se não buscar ajuda pode tentar novamente. “Os familiares, os amigos, parceiros, devem ficar atentos a questões que envolvem pessoas muito impulsivas, usuárias de drogas, viciadas em álcool, vítimas de doenças como câncer, HIV, esclerose, pessoas que tiveram na infância eventos traumáticos como abusos sexuais, abusos de maus tratos, tudo pode contribuir para levar a pessoa a esses pensamentos perturbadores.”.

Dr Marcelo Cabrini de Campos falou também que a família exerce um papel importante, observando a mudança de comportamento. “A pessoa começa a ficar desinteressada das atividades que antes davam prazer pra ela, existe a diminuição da produtividade, baixo rendimento na escola, no trabalho, isolamento, descuido da aparência, pessoas que falam constantemente em morte, são sinais claros de que ela está precisando de ajuda.”.

Nessa conversa com o profissional, tocamos numa questão estatística, sobre qual a faixa etária mais suscetível ao problema, e qual sexo tem uma tendencia maior a cometer esse ato extremo. “Geralmente os jovens e os idosos formam os números maiores de pessoas que cometem o suicídio, inclusive entre a juventude, o suicídio é a terceira causa de mortes no Brasil. Em relação ao gênero, homens cometem três vezes mais suicídio do que mulheres.”, disse o médico.

O entrevistado lembrou também que não é porque a pessoa tentou uma vez contra a própria vida que ela vai repetir o ato, pois se ela buscar uma ajuda, um tratamento, vai ter uma vida normal e ficará equilibrada para seguir em frente. “Outra questão é descartar aquele velho ditado que diz ‘quem fala, não faz’...Isso não é verdade, muitos que falam, um dia acabam fazendo caso não seja ajudado e não procure um tratamento. Por isso destacamos que a própria pessoa pode e deve procurar ajuda, procurar um profissional quando sentir as alterações emocionais, quando sentir aquela vontade de ficar isolada, perder interesse pelas coisas da vida, amargura, tristeza que não passa, desanimo, tudo isso é sinal de alerta para buscar ajuda o mais rápido possível. Procurar ajuda, abrir o coração, é o melhor caminho.”, concluiu o médico especialista em Psiquiatria, Dr. Marcelo Cabrini de Campos.

Fechando a entrevista, o Dr. Marcelo Cabrini de Campos disse que 90% dos suicídios poderiam ser evitados, já que de 50 a 60% das pessoas que cometem suicídio nunca procuraram uma ajuda para os problemas.

O Brasil é o 8º pais em números de suicídios e os dados mostram que ao longo da vida, a cada 100 pessoas, 17 chegam a pensar em suicídio, dessas 17, cinco chegam a bolar um plano, dessas cinco, três realmente tentam, e dessas três que tentaram, pelo menos uma perde a vida antes da hora.

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