'Não resta a menor dúvida sobre a autoria do crime', diz delegado sobre a morte do menino Henry

09/04/2021 05h08 O padrasto de Henry, o vereador Dr. Jairinho, e a mãe da criança, Monique Medeiros, foram presos nesta quinta. Delegado disse que Jairinho cometeu agressões que mataram o garoto e que Monique foi conivente.
Por G1, Rio de Janeiro - RJ
'Não resta a menor dúvida sobre a autoria do crime', diz delegado sobre a morte do menino Henry .

O delegado Henrique Damasceno, responsável pela investigação da morte do menino Henry Borel, afirmou nesta quinta-feira (8) ter certeza de que o vereador Dr. Jairinho foi o autor das agressões que mataram o menino e de que a mãe dele, Monique Medeiros, foi conivente. O casal foi preso na casa de parente de Monique em Bangu, Zona Oeste do Rio, nesta quinta-feira (8).

'Não resta a menor dúvida, em relação aos elementos que nós temos, sobre a autoria do crime, dos dois', disse o delegado.

De acordo com Damasceno, a investigação ainda não foi encerrada, mas já há "provas muito fortes, muito convincentes, a respeito de toda essa dinâmica e da participação de cada um deles".

Ao final da reportagem, infográfico reconta em ordem cronológica o que aconteceu no dia da morte do menino.

As declarações do delegado foram dadas em entrevista coletiva com membros da Polícia Civil e do Ministério Público após as investigações que resultaram na prisão de Monique Medeiros e do vereador Dr. Jairinho (expulso do Solidariedade) nesta quinta-feira.

Delegado não viu ameaças de Jairinho à mãe de Henry

Questionado sobre a possibilidade de Monique ter sido ameaçada por Jairinho, Damasceno disse que não.

“Com bastante sinceridade, não é isso que percebi [que ela tenha sido ameaçada]. Ela teve inúmeros momentos em que ela poderia ter falado conosco, o depoimento foi bastante longo e ela se mostrou bastante à vontade em vários pontos dele", declarou o chefe da investigação.

O delegado disse que jamais teria pedido a prisão da mulher se "imaginasse, minimamente, qualquer possibilidade de coação nesse tipo de circunstância".

A mãe e o padrasto do menino Henry Borel, morto com sinais de violência no começo de março, foram presos por homicídio duplamente qualificado, por tentar atrapalhar as investigações do caso e por ameaçar testemunhas para combinar versões.

Como revelado pela polícia, uma conversa por mensagens de WhatsApp entre a mãe da criança e a babá mostrou que Henry foi agredido pelo padrasto semanas antes de morrer. O diálogo também mostrou que Monique sabia da agressão sofrida no dia 12 de fevereiro.

Mãe não afastou o filho e protegeu o agressor

Ainda de acordo com o delegado, a mãe não só se omitiu, como também protegeu o namorado.

“Ela esteve em sede policial, em depoimento, por mais de 4 horas, apresentando uma declaração mentirosa, protegendo o assassino do próprio filho. Não há a menor dúvida, que ela não só se omitiu, quando a lei exigia que ela deveria fazer [relatar o crime], como também concordou com esse resultado”, afirmou Damasceno.

Marcos Kac, promotor do MPRJ, afirmou que a hipótese de acidente, defendida pela mãe de Henry para a morte do menino, foi descartada na investigação.

"Essa certeza veio vindo ao longo da investigação. A gente colheu uma série de depoimentos contraditórios, que contrariavam a verdade. Evoluindo essa investigação, a gente conseguiu constatar que a hipótese de acidente era descartada", explicou Kac.

Resumo do caso Henry Borel

- Henry estava no apartamento onde a mãe morava com o vereador Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca, e foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março;

- O casal alegou que o menino sofreu um acidente em casa e que estava "desacordado e com os olhos revirados e sem respirar" quando o encontraram no quarto;

- Os laudos da necropsia de Henry e da reconstituição no apartamento do casal, no entanto, afastam a hipótese defendida pelos dois;

- O documento informa que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática [no fígado] causada por uma ação contundente [violenta];

- Dr. Jairinho tentou que o corpo de Henry não fosse levado ao IML, mas não conseguiu;

- A polícia diz que, semanas antes de ser morto, Henry foi torturado por Jairinho e que Monique sabia;

- Dr. Jairinho e Monique foram presos temporariamente, suspeitos de tentar atrapalhar as investigações;

- A defesa do casal afirmou que Jairinho e Monique não têm o que esclarecer sobre a morte do menino.

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