Atlas da Violência: Araçatuba tem taxa de homicídio superior a capital paulista

20/06/2024 09h08 Em 2022, a cidade do noroeste paulista registrou uma taxa de 18,0 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a capital paulista ficou com uma média de 15,4. Dados são do levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Por: G1, Araçatuba - SP
Atlas da Violência: Araçatuba tem taxa de homicídio superior a capital paulista (Mapa da violência aponta que Araçatuba tem taxa de mortes violentas superior à da capital — Foto: Divulgação)

Dados divulgados nesta terça-feira (18) pelo "Atlas da Violência 2024" mostram que Araçatuba (SP) acumula uma taxa de homicídio por 100 mil habitantes superior à de São Paulo, capital.

Em 2022, a cidade do noroeste paulista registrou uma taxa de 18,0 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a capital paulista ficou com uma média de 15,4, segundo levantamento feito em parceria pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O dado é calculado com base no número de assassinatos e inclui os “homicídios ocultos” — mortes violentas de causa indeterminada registradas em bases de dados do Ministério da Saúde.

De acordo com o estudo, Araçatuba tem 200.124 habitantes e registrou 36 homicídios, em 2022, um índice de 18,0 mortes violentas por 100 mil habitantes, ocupando a 192ª posição na lista dos 319 municípios mais violentos do país.

Na comparação, São Paulo, com 11.451.999 habitantes, teve 344 assassinatos registrados e 1.418 ocultos, totalizando 1.762 homicídios estimados e uma taxa de 15,4 mortes por 100 mil habitantes, 2,6 menor que a de Araçatuba. A capital paulista ocupa a 209ª posição de mortes violentas.

Além de Araçatuba, outras três cidades do noroeste paulista aparecem na lista divulgada pelo Ipea: São José do Rio Preto (SP), na 214ª colocação, Birigui (SP), na 226ª, e Catanduva (SP), em 272º lugar.

Segundo o estudo, São José do Rio Preto, maior cidade da região, com 480.393 habitantes, teve 61 assassinatos registrados e 10 ocultos, com 71 homicídios estimados. O índice de mortes violentas é de 14,8 a cada 100 mil moradores.

Já Birigui registrou 16 homicídios e, com uma população de 118.979, totalizou um índice de 13,4 de mortes violentas por 100 mil habitantes.

Por fim, de acordo com o estudo, Catanduva tem 115.791 habitantes. A cidade teve 7 homicídios registrados e 4 ocultos, em 2022. Um índice de 9,5 mortes violentas por 100 mil habitantes.

Apesar dos números, o estado de São Paulo apresentou a menor taxa de homicídios estimados na região sudeste, de 9,4 mortes por 100 mil habitantes em 2022.

De acordo com o estudo, dos 645 municípios do estado de São Paulo, 237 não tiveram nenhum homicídio estimado e 152 apresentaram taxas inferiores a 10,0.

Por outro lado, o estado paulista responde por 40% das subnotificações, segundo o estudo. Para Samira Bueno, do FBSP, isso acontece, principalmente, em razão da precarização dos dados de atestado de óbito, que não estariam sendo devidamente identificados por médicos.

Entre as cidades médias e grandes (mais de 100 mil habitantes), a maior taxa de 2022 foi encontrada em Itapecerica da Serra (26,5), na Região Metropolitana de São Paulo

Violência no país

O estudo coletou dados que indicam as regiões Norte e Nordeste como as mais violentas do país, com taxas de homicídio em indicadores máximos, acima de 46,9 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, no Amapá, Amazonas e Roraima (Norte) e na Bahia (Nordeste).

O Atlas revela que, dos 10 municípios brasileiros com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes em 2022, sete estão na Bahia.

O ranking é liderado por Santo Antônio de Jesus (94,1 homicídios por 100 mil habitantes), município que ultrapassou Jequié, agora na segunda posição, com taxa de 91,9. A lista segue com Simões Filho (81,2), Camaçari (76,6) e Juazeiro (72,3) na terceira, quarta e quinta posição, respectivamente. Depois, vem Salvador no nono lugar (66,4), e Feira de Santana, no décimo (66).

O Atlas mostra que 35.531 dos homicídios no Brasil foram cometidos contra pessoas negras, o que representa 76,5% do total. Assim, a taxa de homicídios de negros (29,7 por 100 mil habitantes) é maior do que a taxa de homicídios de não negros (10,8 por 100 mil). Conforme o estudo, há a morte de 2,8 pessoas negras para cada pessoa não negra assassinada no país.

A pesquisa indica, ainda, que o país registrou 46.409 homicídios pelo sistema de saúde em 2022, redução de 3% em relação a 2021, quando foram registrados 47.847 assassinatos.

Os números representam uma taxa de 21,7 homicídios a cada 100 mil habitantes, igualando 2019 com a menor taxa desde 2012, quando o número era de 28,9 a cada 100 mil.

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