Beneficiário da saída temporária não retorna a penitenciária e acaba preso como suspeito de latrocínio em Presidente Epitácio

24/01/2024 08h34 Vítima, de 63 anos, foi encontrada morta com ferimentos no pescoço em estrada de terra.
Por G1, Presidente Epitácio (SP)
Beneficiário da saída temporária não retorna a penitenciária e acaba preso como suspeito de latrocínio em Presidente Epitácio — Foto: Marcelo Casarini

A Polícia Civil prendeu neste domingo (21) um homem, de 30 anos, suspeito de envolvimento no latrocínio, que é o crime de roubo seguido de morte, que vitimou um aposentado, de 63 anos, em Presidente Epitácio (SP). Ele foi detido na própria cidade paulista, onde estava vivendo como andarilho, para o cumprimento de uma ordem judicial de prisão temporária.

O corpo da vítima havia sido encontrado na semana passada, com lesões no pescoço (esgorjamento) e também na mão direita, em uma estrada de terra em uma área na zona rural, próxima ao acesso ao Residencial Hosoume.

O suspeito, segundo a Polícia Civil, havia fugido do sistema penitenciário do Estado de Mato Grosso do Sul no último dia 9 de janeiro. Ele tinha recebido o benefício da saída temporária da prisão, durante as festas de fim de ano, mas não retornou ao sistema carcerário para dar continuidade ao cumprimento da pena em regime semiaberto.

Ele foi levado à Cadeia de Presidente Venceslau (SP), onde permaneceu no aguardo de remoção para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caiuá (SP).

A cerca de dois quilômetros de distância do local onde estava o corpo, foi encontrado o carro da vítima, abandonado, aparentemente, por falta de tração devido à depressão do terreno.

O telefone celular e a carteira da vítima não foram encontrados, o que, segundo as investigações, indicou o nexo entre a morte violenta do aposentado e o roubo de seus bens.

Segundo a polícia, o suspeito se viu obrigado a abandonar o carro porque veio a cair com o veículo dentro de uma valeta.

A Polícia Civil pediu a prisão temporária do suspeito e a solicitação foi atendida pelo Poder Judiciário, com aval do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP), com validade por 30 dias e passível de prorrogação por igual período, durante o andamento das investigações sobre o caso.

As investigações prosseguem, no âmbito do inquérito policial instaurado para apurar o caso, com ênfase na materialização das provas técnicas.

O suspeito preso ainda não foi ouvido formalmente pela Polícia Civil, mas informalmente, no momento da prisão, ele negou participação no latrocínio.

A polícia paulista contou ao g1 que o homem cumpria pena em um presídio em Campo Grande (MS) e não retornou para a unidade após receber o benefício da saída temporária para as festas de fim de ano. Ele estava dormindo em estacionamentos e praças públicos, em Presidente Epitácio, e a polícia ainda não identificou qual a motivação para o suspeito estar vivendo na cidade paulista.

"Os indícios contra ele são fortíssimos porque ele estava com o carro da vítima logo após a morte dela, e ele estava sozinho", disse ao g1 o delegado responsável pelas investigações sobre o caso, Márcio Domingos Fiorese.

Câmeras de monitoramento

"Ainda tem provas técnicas a serem analisadas, como confrontos genéticos para serem feitos. Mas são grandes os indícios de que foi ele quem cometeu o crime. A partir do encontro do corpo da vítima e do carro, foi feita a perícia do automóvel e nós descobrimos que uma pessoa teria tentado ajudá-lo a retirar o veículo, debaixo de chuva, na madrugada do dia 15. Uma pessoa, sem saber o que estava acontecendo, estava tentando ajudá-lo. Porque ele falou que o carro era do pai dele, esse mesmo rapaz que está preso agora. E ele estava com o carro da vítima, na madrugada do dia 15, logo após a morte da vítima. Essa pessoa que teria tentado ajudá-lo nos comunicou, porque viu que o carro foi periciado e, então, deixa muitos vestígios de quem manuseou o veículo", explicou Fiorese.

O delegado ainda salientou ao g1 que, durante as investigações, foram obtidas imagens de câmeras de monitoramento de vídeo que ajudaram a identificar o suspeito em Presidente Epitácio.

"Nós fizemos o trajeto todo do suspeito, buscando câmeras de vigilância, passamos a fazer o trajeto dele. Um trabalho bem cansativo, bem difícil de se fazer. Mas refizemos todo o trajeto dele e conseguimos imagens dele andando pela rua, então, ele foi reconhecido por essa pessoa fotograficamente. Então, a gente aí passou a tentar identificar quem seria essa pessoa que aparecia nas imagens", detalhou Fiorese.

"Com inteligência e contanto com a colaboração do pessoal de Mato Grosso do Sul, que aí eles nos deram a informação de quem poderia ser essa pessoa, então, ele foi reconhecido, foi reconhecido por outras pessoas que o viram andando na cidade um dia antes, pedimos a prisão dele e foi constatado. Nós vamos submeter, por exemplo, roupas que ele utilizou, enfim, um monte de material para confrontar com o material genético que foi colhido pela perícia. Também vamos fazer o confronto de [impressões] digitais. Isso demora um tempo", complementou o responsável pelas investigações ao g1.

Ferimentos no pescoço

O corpo do aposentado foi encontrado na manhã da última segunda-feira (15) em uma área rural nas proximidades do bairro Residencial Hosoume, em Presidente Epitácio.

Os moradores acionaram a Polícia Militar por volta das 6h40.

Quando chegaram ao local, os policiais constataram que se tratava de uma vítima do sexo masculino que apresentava sinais de esgorjamento, ou seja, ferimentos na região do pescoço, compatíveis com a utilização de faca.

A Polícia Civil foi acionada para investigar o caso e informou ao g1 que a vítima morava em Presidente Epitácio.

Ainda segundo a polícia, o aposentado foi vítima de latrocínio, que é o crime de roubo seguido de morte.

De acordo com a Polícia Militar, o corpo foi encontrado na Estrada Jorge Okada, localizada atrás do bairro Housome. O local foi isolado e a perícia da Polícia Científica foi acionada.

Segundo a Polícia Civil, o corpo estava de lado, caído no chão, próximo a uma cerca de arame.

O carro da vítima, um Ford Focus preto, foi encontrado na Vila Martins, a dois quilômetros de distância de onde estava o corpo.

Também ao g1, a Polícia Civil informou que o aposentado vivia com a família, mas que os parentes não haviam dado conta do desaparecimento dele.

O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), em Presidente Venceslau, para a realização do exame necroscópico.

O aposentado foi sepultado na manhã da terça-feira (16), no Cemitério Horto da Igualdade, em Presidente Epitácio.

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