A condenação do ex-padrasto que estuprou e matou Ana Cristina da Silva, de 15 anos, representa um suspiro de alívio, relatou a mãe da vítima após o réu ser condenado a 31 anos de prisão. O corpo da adolescente, desaparecida em 27 de julho, foi localizado às margens da Rodovia Feliciano Salles Cunha (SP-310), entre Mirassol e Neves Paulista (SP), no dia 4 de agosto.
Ao g1, Carla Cristina da Silva Nascimento, de 36 anos, contou que participou da audiência, na segunda-feira (18), que condenou Adriano José da Silva por estupro seguido de morte e ocultação de cadáver com agravantes de motivo torpe, meio cruel e violência doméstica.
“Eu não sei explicar o que sinto ainda, é muita felicidade. Eu vou falar para ela que a Justiça foi feita. Isso não vai trazer ela de volta, mas sorrir ele também não vai. Agora, a minha filha pode descansar em paz”, comenta Carla.
O réu, agora, vai responder ao processo de estupro de vulnerável na Justiça, já que há suspeita de que ele praticou o crime contra Ana Cristina entre os anos de 2012 e 2022, quando ela tinha entre quatro e 14 anos (leia abaixo carta deixada pela adolescente).
A audiência do caso está marcada para o dia 19 de fevereiro do próximo ano. Adriano está preso desde 4 de agosto, quando foi encontrado pela polícia em Olímpia (SP) ao tentar fugir.
Em depoimento, ele confessou e disse que cometeu o crime por medo de que a jovem contasse que era abusada sexualmente por ele e para se vingar da mãe.
Carta revela o estupro
Uma carta encontrada pela mãe da adolescente revela que a vítima era abusada sexualmente desde os quatro anos (leia acima). A mãe dela contou que a adolescente deixou cartas escondidas no seu quarto.
Em uma delas, datada de dezembro de 2022, Ana Cristina escreveu:
“Se eu abrir a boca vai tudo piorar, e a culpada vai ser eu. Abusada desde os quatro anos de idade, aos 14 anos depressão, ansiedade e medo. Eu nunca falei para minha mãe, para ninguém até hoje. Eu sou muito fraca”, escreveu a garota.
Ainda de acordo com Carla, uma amiga da filha enviou um áudio a ela, enquanto a garota estava desaparecida, dizendo que Ana Cristina contou sobre ser abusada sexualmente, mas pediu que o segredo não fosse revelado à mãe. Neste dia, a mulher denunciou o ex-padrasto na delegacia por estupro.
Áudio do criminoso
Em áudio, suspeito de estuprar e matar adolescente em Rio Preto nega crime à tia
Carla Cristina ainda revelou à reportagem que dois dias depois de sua filha desaparecer Adriano José enviou o áudio para a tia dele negando crime e se justificando por ter saído da cidade após ser apontado como principal suspeito do crime (escute acima).
“Oi, tia. Então, tia, só comunicar para a senhora, a senhora avisa outras pessoas aí, que, devido à repercussão que teve lá do caso da filha da Carla, da Ana, eu saí porque estava perigoso demais para mim. A Carla está insinuando, falando, que eu tenho a ver, entendeu, com o sumiço da filha dela”, diz no áudio.
“O pessoal já tá…nossa senhora, meu Deus do céu, cara. Tia, falar para a senhora, eu não tenho nada a ver tá?! Eu juro que eu não tenho nada a ver com esse sumiço da filha dela, tia. Eu juro que eu não tenho nada a ver. Mas, a repercussão já tá grande lá”, completa Adriano.
A mãe enviou o áudio à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para acrescentar na investigação. À reportagem, a delegada responsável pelo caso, Dálice Ceron, informou que anexou o áudio ao inquérito policial, em que indiciou o acusado.