MP denuncia jovens suspeitos de invadirem e destruírem dados sigilosos da polícia, Exército e Justiça

18/01/2024 08h23 Suspeitos, de 19, 20 e 23 anos, são de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso. Adolescente, de 14 anos, é apontado como líder da quadrilha e criou 20 milhões de senhas para invadir os sites.
Por G1, São José do Rio Preto (SP)
MP denuncia jovens suspeitos de invadirem e destruírem dados sigilosos da polícia, Exército e Justiça Foto: SSP/Divulgação

 

O Ministério Público denunciou três jovens suspeitos de invadirem, modificarem, e destruírem sistemas de dados das Polícia Militar (PM), Exército, órgãos de saúde e empresas. Um dos criminosos é morador de Bady Bassitt, no interior de São Paulo. A denúncia foi enviada na sexta-feira (12) e ainda será avaliada pela 3ª Vara Criminal, de São José do Rio Preto (SP).

Conforme apurado pelo g1, os suspeitos, de 19, 20 e 23 anos, moradores de São Paulo (SP), Blumenau (SC) e Jaciara (MT), foram denunciados por organização criminosa integrada por adolescentes e invasão de dispositivo informático com comercialização de dados sigilosos.

No documento, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) ainda pede a prisão dos jovens. Durante a investigação, que começou em junho de 2023, a Polícia Civil concluiu que os jovens invadiam e comercializavam o acesso aos sistemas por valores entre R$ 200 e R$ 1.000. Ainda cabe à Justiça aceitar ou não a denuncia.

Os suspeitos também vendiam saldos de cartão de crédito e vale-alimentação, além de alterar dados sigilosos da PM e Ministério da Saúde (MinSaúde).

O g1 tenta contato com a defesa de dois dos jovens envolvidos no esquema.

Em nota, o advogado Jessé Moraes, responsável pela defesa do jovem do Mato Grosso, informou que vai apresentar "argumentos que demonstrem a ausência de responsabilidade penal a ser imputada ao denunciado". Leia a nota completa:

"Impera em favor do acusado, até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória a garantia fundamental da presunção de inocência (Art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal). Ademais, a marcha processual ainda é embrionária, tendo havido tão somente o oferecimento da denúncia pelo órgão acusador, de modo que a tese acusatória carece da demonstração de viabilidade jurídica ao longo da instrução processual, em razão do ônus probatório que lhe é imposto pela legislação processual. Exerceremos com o controle de legalidade do procedimento, com a contraposição da imputação articulada pela acusação, a fim de trazer à luz os argumentos defensivos que demonstrem a ausência de responsabilidade penal a ser imputada ao denunciado."

MP denuncia jovens suspeitos de invadirem e destruírem dados sigilosos de órgãos públicos

Relembre o caso

À época, o criminoso de Bady Bassitt, que tinha 17 anos, foi abordado em casa e flagrado utilizando os sistemas com credenciais restritas. Segundo a polícia, ele se alimentava por delivery a partir das contas que hackeava nos aplicativos.

Ainda de acordo com a polícia, o jovem estava logado no sistema da Polícia Civil de São Paulo e, do próprio computador, conseguiu alimentar o sistema com um boletim de ocorrência contendo informações falsas.

Ele foi apreendido no dia 19 de setembro e encaminhado para a Fundação Casa, depois que a polícia cumpriu um mandado judicial. Agora, o jovem está em liberdade assistida - medida socioeducativa onde o infrator é acompanhado por um assistente social, sem ser privado de liberdade.

Entre os suspeitos, estava um adolescente de 14 anos, apontado como líder da quadrilha, morador de Curitiba (PR), que era o responsável pela criação de um programa que permitia o acesso a qualquer site, como o da PM e instituições bancárias.

Ele confessou que compartilhou o programa, mas disse que não comercializava os acessos. O adolescente tinha 20 milhões de logins e senhas, entre elas:

Mais de 3,6 mil logins e senhas do Tribunal de Justiça de São Paulo;

1,5 mil da Polícia Militar de São Paulo;

500 da Polícia Federal;

 Quase 150 do Exército;

 89 do Ministério Público de São Paulo.

O jovem de Santa Catarina também responde por armazenamento de pornografia infantil, crime detectado durante a perícia dos equipamentos eletrônicos apreendidos pela polícia.

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