Polícia indicia PM que matou fã em show da Lauana Prado em Marília por homicídio triplamente qualificado

10/09/2024 08h16 Crime aconteceu na madrugada do dia 31 de agosto. Tiros foram disparados durante uma briga entre o policial militar e a vítima, que tinha 29 anos.
Por: g1, Marília - SP
Polícia indicia PM que matou fã em show da Lauana Prado em Marília por homicídio triplamente qualificado Hamilton Olímpio Ribeiro Junior morreu em Marília (SP) após ser baleado por Policial Militar — Foto: Reprodução / Rede Social

A Polícia Civil concluiu, após uma semana, o inquérito e encerrou as investigações sobre a morte de um fã durante o show de Lauana Prado em um rodeio realizado em Marília (SP), na madrugada do dia 31 de agosto.

O policial militar Moroni Siqueira Rosa, preso em flagrante por ter sacado uma arma e matado Hamilton Olímpio Ribeiro Júnior, de 29 anos, durante uma briga, no meio do público, foi indiciado por homicídio doloso triplamente qualificado.

De acordo com a Polícia Civil, Moroni disparou pelo menos seis vezes contra Hamilton. A vítima chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital das Clínicas (HC) da cidade, mas não resistiu.

Após os disparos, o suspeito foi desarmado pela segurança do evento e agredido por pessoas que estavam no rodeio.

A conclusão do inquérito aconteceu após o interrogatório do PM na Central de Polícia Judiciária de Marília. Durante esse depoimento, na quinta-feira (5), ele alegou que teria sido agredido pela vítima e negou ter ingerido bebida alcóolica. Moroni argumenta legítima defesa.

Mas, para a polícia, ele deve responder por homicídio com as qualificadoras de motivo torpe, por ter colocado em risco outras pessoas, além da qualificadora da dissimulação ou recurso que impediu a defesa da vítima.

O relatório da Polícia Civil inclui ainda o crime de tentativa de homicídio de mais duas pessoas, que estavam no evento.

Victor Alves Justino levou um tiro no rosto e Fernanda Girotto Bueno Zanoni, que procurou a polícia dias após o crime, sofreu uma lesão na perna esquerda decorrente de um dos disparos.

Em relação a estas duas vítimas, o delegado responsável pelo caso apontou que houve tentativa de homicídio, com dolo eventual, ou seja, para a polícia não havia intenção de matar outras pessoas, mas ao iniciar os disparos, Moroni assumiu o risco de fazer outras vítimas em meio a arena do show.

Moroni continua preso no presídio militar Romão Gomes, em São Paulo. O inquérito agora será analisado pelo Ministério Público, que poderá apresentar à Justiça denúncia contra o policial. A promotoria também poderá pedir novas apurações para a Polícia Civil.

No dia seguinte ao show, a cantora se manifestou sobre o caso nas redes sociais. A artista disse que a morte do fã foi um "episódio lamentável".

O que alega a defesa

O advogado de defesa do policial militar, Felipe Braga, afirmou também em entrevista à TV TEM que a motivação da briga não foi exclusivamente sobre espaço.

"A briga começou por atitudes inconvenientes do senhor Hamilton, que estava lá assistindo o show, como queda de cerveja, esbarrões, batendo o chapéu em crianças que estavam ali ao redor."

Felipe Braga também alega que, quando Moroni foi o advertir sobre o comportamento, recebeu um soco na boca de Hamilton. Nisso, o policial sacou a arma, se identificou e a vítima foi para cima, tentando tomar a arma do policial. De acordo com relatos recebidos por Braga, foi nesse momento da discussão em que houveram os disparos.

Vídeos registram confusão durante show

O crime foi gravado pelo público que estava na plateia da sertaneja Lauana Prado. Nas imagens, que foram desaceleradas, é possível ver que o suspeito apontou a arma em direção à vítima e disparou. Também é possível ouvir o barulho do disparo. Desesperado, o público tentou fugir do local (assista acima).

Conforme apurado pelo g1, a briga começou por disputa de espaço na área vip do evento. Em um vídeo, gravado por uma pessoa que estava na plateia, é possível ouvir os disparos e ver o momento em que a artista interrompeu o show.

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