A Polícia Civil investiga um caso de maus-tratos envolvendo um cachorro, que teria sido amarrado a um carro e arrastado por cerca de 1km até a morte, em Presidente Venceslau (SP), na madrugada da última quinta-feira (18). O suspeito confessou o crime e disse que fez isso após o animal, que era da vizinha, ter “avançado em seu filho”, de quatro anos, na noite anterior.
Ao g1, a Polícia Militar Ambiental informou que o caso chegou ao conhecimento das autoridades nesta segunda-feira (22), após o registro de um Boletim de Ocorrência. No documento, um dos tutores, de 64 anos, alegou que por volta das 20h da quarta-feira (17) estava com a família e com o vizinho, acompanhado de seu filho, na residência do casal, localizada no Conjunto Habitacional Watanabe.
Em dado momento, devido a um suposto gesto brusco da criança, o cachorro de raça indefinida (SRD), chamado Gabriel, teria avançado no garoto, momento em que o pai colocou o braço na frente e acabou sendo mordido.
Ainda conforme o B.O., os tutores do cachorro se prontificaram a levar o vizinho e a criança, que sofreu alguns arranhões, até a Santa Casa da cidade para receberem atendimento médico, no entanto, “o rapaz dispensou o socorro”.
Neste dia, uma outra vizinha relatou que o investigado teria supostamente falado ao filho para ficar tranquilo, “porque iria matar o cachorro”.
O crime
No dia seguinte, a tutora, de 65 anos, notou que o animal já não estava mais no quintal. Segundo a Polícia Ambiental, ela foi até a casa de uma vizinha e, juntas, se dirigiram até a residência do rapaz, que alegou ter dado o cão para um amigo.
Questionado sobre a doação sem autorização da tutora, ele teria confessado que matou o cachorro.
Conforme o boletim, a esposa do suspeito declarou que, na data do ocorrido, não estava em casa, mas que “o esposo confessou à tutora que havia matado o cão”.
Segundo o que informou à Polícia Ambiental, o rapaz “tomou rumo ignorado e, antes de ir embora, disse que procurou um advogado, sendo que, quando fosse intimado, compareceria na delegacia”.
Ainda conforme a Polícia Ambiental, o suposto corpo do animal foi encontrado por uma Organização Não Governamental (ONG) no município.
De acordo com informações repassadas pela Polícia Civil ao g1, um inquérito policial foi instaurado para investigar o caso.
“O Boletim de Ocorrência deve ser entregue nesta terça-feira na Central de Polícia Judiciária [CPJ]”, pontuou o delegado Sthefano Rabecini.
Um exame no local também foi requisitado para o Instituto de Criminalística.
Ao g1, o delegado informou que a tutora do animal tem problemas de coração e, após o ocorrido, precisou ser hospitalizada na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Venceslau.
Em contato com o g1, Josiane Prates, nora da tutora, disse que a sogra foi presenteada com o cachorro pela neta, após enfrentar uma depressão motivada pela morte do filho.
“Ele era como um filho para ela. Sempre muito bem tratado. Até comida no garfo ela dava para ele”, lembrou.
Segundo a nora, que visitou a idosa ainda na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para onde foi encaminhada após dar entrada no Pronto-socorro, o rapaz, com quem sempre teve uma relação amistosa, chegou a ir na casa da vizinha “para pedir perdão”. No entanto, em uma dessas ocasiões, acabou sendo expulso por ela.
Neste mesmo dia, ela teria ido a um estabelecimento comercial, onde ouviu pessoas dizerem que “o suspeito estava se gabando por ter matado o animal”, ocasião em que sofreu um infarto e precisou ficar internada.
Ainda de acordo com a nora, a idosa foi transferida, na manhã desta quarta-feira, para o Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente (SP), onde aguarda a realização de um cateterismo.
Em nota ao g1, o hospital informou que a paciente deu entrada no Pronto-socorro da unidade às 8h24, “onde foi prontamente atendida pela equipe médica e multiprofissional”.
“Neste momento, seu estado de saúde é considerado estável”, atestou.
Outro lado
O g1 tentou conversar com o envolvido para apresentar sua versão dos fatos, no entanto, não conseguiu contato. Já os familiares dele preferiram não se posicionar.
A Central de Polícia Judiciária informou ao portal que o rapaz ainda não está representado por um advogado de defesa.