Ainda membro do partido Democratas, mas já com posicionamento claro de oposição. O vereador Acácio Rocha deve ser o principal nome a ser enfrentado pela gestão Márcio Cardim na eleição deste ano. Ao deixar a presidência da legenda, o parlamentar já se articula em busca de nova sigla para viabilizar sua candidatura a prefeito, sendo a "pedra no sapato" de antigos aliados.
Ao IMPACTO Acácio explica como pretende trabalhar nos próximos meses em busca da cadeira do quinto andar do Paço Municipal. Caso a pretensão não se viabilize, ele é categórico ao afirmar que "não será candidato a vereador em 2020".
IMPACTO: Como foi sua saída da presidência do DEM?
ACÁCIO: No ano passado houve um convite não muito gentil para que eu deixasse o partido, pedido liderado pelo próprio prefeito. E naquele momento disse que não iria sair. Houve uma tentativa para eu deixar o partido com alegação de que estava sendo incoerente com a orientação do próprio partido em relação a defesa do governo municipal. Este desencontro me levou a pronunciar, em primeira mão ao IMPACTO, minha pré-candidatura. Fui chamado pelo prefeito no quinto andar, juntamente com outros vereadores do DEM, e fui convidado a deixar o partido. Naquele momento disse não, achava importante ficar nesta liderança para poder ter uma 'antena' mais próxima dos colegas, perceber melhor as conversas internas, a reação em relação a tudo aquilo que eu estava me posicionando. E agora, neste mês de janeiro, oficializei ao secretário do DEM a minha saída. Hoje não estou na presidência do DEM, mas continuo no partido. Há uma sinalização, ao que tudo indica, para deixar o partido sim. Só irei aguardar o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] abrir a janela para troca de partido [de 5 de março a 3 de abril], e quando isso ocorrer buscarei outra legenda. Já há muita conversa em construção.
IMPACTO: Na última semana noticiamos um encontro no Podemos, partido do vereador Alcio Ikeda, com quem nos últimos anos teve uma relação próxima na Câmara. Sua futura sigla?
ACÁCIO: Há uma abertura bastante explicita, reiterada nesta reunião para eu ingressar no Podemos. Tenho sim uma grande simpatia pelo Podemos, por toda atuação do vereador Alcio e a relação política que ele tem com as lideranças nacionais e estaduais do partido. Estive com a presidente nacional do Podemos em 2017, com o vereador Alcio Ikeda, e identifiquei uma legenda com muito aquilo que busco. Mas para um momento como este, o Podemos, é claro um caminho interessante, porém estou em um período de construção, de diálogo com todos os partidos possíveis e constituídos na cidade. Este diálogo acontece, sobretudo, pelo meu desligamento da presidência do DEM. Este desligamento deu-me mais liberdade, mais conforto para conversar com os partidos. Conversar com os partidos na condição de presidente, indiretamente poderia ser entendido que estava dialogando como representante do DEM. Hoje não. Podemos é um partido, outros partidos têm permitido este diálogo. Tenho ido até eles, os que não tenho o convite, tenho buscado estes nomes para conversar, para que a decisão de qual partido irei neste período de janela não seja de apenas mudança de legenda, mas uma decisão que dê uma condição de trabalho, uma condição de campanha, uma estrutura de organização para podermos consolidar este projeto que está bastante interessante e aquecido, visando buscar uma eleição para o Executivo. Podemos é uma possibilidade, mas é momento de diálogo com todos os ambientes partidários possíveis que a cidade oferece e tenham afinidade com meus pensamentos e propósitos.
IMPACTO: Percebemos desde o seu anúncio no ano passado, que sua pré-candidatura se consolida. Como avalia este processo?
ACÁCIO: Foi fundamental para isso, e gosto sempre de destacar, a primeira abordagem que o Grupo IMPACTO deu. Foi naquele momento que a cidade de fato tomou conhecimento, de maneira oficial, das minhas pretensões. E de lá para cá, essa construção tem acontecido de maneira positiva. Tenho colhido adesões, anônimas, de pessoas da cidade e de pessoas importantes, que ainda estão contidas já que o cenário para um ambiente de campanha, de posicionamentos, ainda é cedo. Mas vão aparecer, e a cidade verá quem está comigo, quem está buscando uma mudança de caminhos para Adamantina. Então confirmo, o projeto está andando, está sendo alicerçado. Temos mantido um diálogo com todos os partidos possíveis. Acho que uma característica marcante desta construção é o diálogo. Conversar com lideranças, potencialidades da cidade. Este diálogo não é só com partido, é também com lideranças do empresariado, do segmento social, um ambiente bastante motivador.
IMPACTO: Não será uma campanha fácil. Seu principal opositor é prefeito, de certa forma não está mal avaliado, tem a máquina pública na mão, tem apoio de grandes empresários da cidade. Como será seu discurso? De ataque, renovação ou de mostrar falhas? Como será sua postura, lembrando que você ajudou a eleger o atual prefeito.
ACÁCIO: Ajudei a elegê-lo, trabalhei na campanha de maneira ativa. No ambiente de diálogo, de conversa, de convencimento que terei que projetar para a cidade, é bastante racional reconhecer onde houve avanços. Consigo identificar, e acredito como em todo mandato na Câmara Municipal, há um reconhecimento meu, um reconhecimento dos vereadores, de parlamentar e como cidadão, houve avanços em algumas áreas, avanços estruturais. Um exemplo é a recuperação da malha viária. É um avanço estrutural. Andamento de algumas obras conquistadas há mais de 5, 10 anos, e que estão sendo concluídas agora, como, por exemplo, a unidade de saúde do Jardim Brasil, os vestiários e sanitários do Jardim Adamantina e Parque Caldeira, as casas populares, conquistas anteriores a este mandato, anteriores ao prefeito que está apenas executando. Reconheço estes avanços estruturais. Mas há uma grande ausência de indicadores sociais positivos. O discurso para as pessoas e para a cidade será de não destruir, não desmerecer os avanços conquistados, mas mostrar ser possível fazer mais, sobretudo para melhores resultados sociais. Estas ações de investimento têm que repercutir na vida das pessoas, ter um impacto direto na vida de cada morador, seja em educação, saúde, cultura, esporte, lazer, geração de empregos. Então o indicador social ainda é bastante inexpressível em relação ao mapeamento de avanços. A população se depara com foco para estruturar a cidade, mas que desconsidera, até então, a busca de melhores indicadores sociais para a comunidade. Então iremos propor um caminho de continuidade do que é bom, do que é positivo, não haverá nenhum discurso de destruição, de desmerecimento pelo conquistado, até porque são conquistas da cidade, não do prefeito ou somente do prefeito. Tem vereadores, deputados, os governos estadual e federal, lideranças de Adamantina que trabalham para isso, então não é uma conquista isolada. A gente não pode atacar só pelo simples fato de estar vinculado ao prefeito. Muita gente trabalhou para essas conquistas. Iremos reconhecer, validar, mas mostrar ser possível fazer muito mais, melhor, transparente e com participação social, e que tudo repercuta em indicadores mais positivos na vida das pessoas. Vivemos hoje uma Adamantina com diversas ações acontecendo, mas com uma não assimilação das pessoas de que aquilo vai interferir na vida delas de maneira positiva. Tanto é que temos muita facilidade de identificar críticas à administração, ao governo municipal. O trabalho é este, buscar caminhos para fazer, construir e edificar a cidade, trazer os investimentos necessários, conversando mais com as lideranças e pensando na qualidade de vida e no que isso repercutirá para as pessoas.
IMPACTO: Márcio Cardim tem um perfil gestor, assim como alguns prefeitos da região que estão bem em suas administrações. Fazem uma boa gestão, mas muitas vezes não têm uma avaliação positiva da população por não serem populistas, com as velhas práticas de assistencialismo. Pretende ter um perfil mais gestor? Como estar aliado à população sem ser populista?
ACÁCIO: Temos que dosar, ser gestor e ter diálogo com a população. Como isso se processa sem ser lesivo a administração pública? O que vemos, olhando para radiografia do gestor municipal de Adamantina, do prefeito Márcio Cardim, há realmente uma vocação para uma linha focada na gestão, mas ausência de trabalho mais próximo a população. Não vejo que isso não aconteceu por ele não ser populista. Muito do que a gente consegue identificar da ausência de repercussão destas ações públicas na população, ocorre por uma cortina que não deixa a administração ser tão transparente. Quando a administração é transparente, participativa e dialoga com as pessoas, o alcance acontece. Então não precisa ser populista, não precisa se vender, não precisa fazer os absurdos que vimos tanto na política, e não queremos mais, quando o caminho é só se relacionar com a cidade. É ser transparente, ter um posicionamento nas redes sociais, é ter a Prefeitura com perfil ativo, ocupando espaço onde o cidadão está. Quando isso não acontece, e não aconteceu até hoje, as escolhas que o Executivo fez para se relacionar com a cidade não foram dando resultado. É possível ser gestor, é possível ter repercussão na sociedade, sendo transparente, participativo o tempo todo. Não é ser participativo apenas publicando na imprensa um edital de audiência pública e não estimular as pessoas a participarem. Se não há estimulo, não há participação, as pessoas não vão se interagir neste ambiente. É possível ter um resultado bom de trabalho, de gestão, de diálogo sobretudo, sem ego, sem ser o dono da verdade, o absoluto. Temos um Executivo de certa forma com bom portfólio, se comparado com 2017, mas que não conseguiu convencer, interagir, conversar com as pessoas, por que não foi populista? Não, porque não foi e não é transparente, não foi e não é participativo, não foi, não é e não tem vocação de circular com as pessoas. Não precisa ser populista, ganancioso, maldoso quando se busca interagir com as pessoas, porque o caminho é transparência e participação, um cenário bastante deficiente no atual governo municipal.
IMPACTO: Por que se considera o candidato ideal para Adamantina?
ACÁCIO: Tenho uma ambição por realizar, por ser executor. O período que fui secretário de Cultura de Adamantina, fui um executor nato, não fui um secretário de ficar preso a uma cadeira e só gerir as demandas. Depois houve um convite para ir para Lucélia como secretário de Planejamento. Lucélia foi uma escola, foi quando aprendi a lidar com as demandas do lixo, da educação, saúde, infraestrutura, viver em um ambiente prático com todas as políticas públicas e hoje, na condição de vereador, e com essa bagagem, me habilita para buscar essa condição. Tenho essa pretensão construída em minha personalidade há bastante tempo, projetei este caminho, e agora tento alcançar um espaço mais amplo de trabalho, de poder devolver a cidade tudo aquilo que aprendi, tudo aquilo que vivenciei nos ambientes de prefeituras das duas cidades e na Câmara Municipal. Tenho este caminho, quero consolidar a construção desta candidatura nos meses iniciais deste ano e preparar todo grupo com informações, subsídios e elementos para podermos alcançar um espaço de trabalho nos próximos anos.