O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalha para apaziguar e ao mesmo evitar ser atingido pela disputa entre Senado e o Supremo Tribunal Federal (STF), que teve o seu ponto mais alto nesta semana com o avanço do projeto que impõe limites às decisões dos ministros da Corte.
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De acordo com um ministro de Lula, a ordem é “serenar os ânimos e colocar a bola no chão” para evitar que a crise aumente. No entendimento desse integrante do governo, os recados já foram dados com a aprovação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A avaliação no Planalto é que o senador Davi Alcolumbre (União-AP), de olho na sucessão do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenta fazer gestos em direção aos parlamentares de oposição ao se colocar contra o Supremo. O objetivo seria evitar que os senadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro lancem um candidato na disputa pelo comando da Casa em 2025.
No começo deste ano, Pacheco enfrentou Rogério Marinho (PL-RN), que teve o apoio dos senadores bolsonaristas. O placar foi 49 a 32 para o atual presidente.
O entendimento é que diante no clima da Casa o governo necessita de um cuidado maior com a pauta para evitar temas que possam mobilizar os bolsonaristas e reaglutinar esse grupo.
Câmara x Senado
O Planalto também já identificou que os senadores têm manifestados ciúmes dos colegas da Câmara porque as bancadas de deputados emplacaram ministros nas três últimos trocas na Esplanada: Celso Sabino (União) no Turismo, André Fufuca (PP) no Esporte e Silvio Costa Filho (Republicanos) em Portos e Aeroportos. Antes dessas mudanças, era a Câmara que considerava o Senado mais contemplado dentro do governo.
Os deputados, de acordo com as queixas, também seriam mais beneficiados pela liberação de emendas. O governo avalia ainda que os senadores estão descontentes por verem o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, mais distante de ficar com a vaga aberta no Supremo aberta com a aposentadoria de Rosa Weber. Dantas é o nome preferido de um grupo de senadores influentes.
Por causa desse panorama, há necessidade de evitar confrontos. Um teste para o governo ocorrerá quando Lula tomar uma decisão sobre o veto ou não do marco temporal, aprovado na semana passada no Senado.