A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou neste mês de setembro um projeto piloto que vai permitir a transformar restos de podas de árvores e restos de alimentos em adubo orgânico. O projeto foi apresentado à ANEEL pela concessionária Energisa Sul-Sudeste, em dezembro do ano passado, e obteve a aprovação.
Agora, o projeto está habilitado a receber os recursos financeiros que permitirão sua implantação em Adamantina, no montante de R$ 667.800,00, a serem repassados pelo Programa de Eficiência Energética (PROPEE), cujas diretrizes são definidas pela ANEEL.
A iniciativa é resultado de uma parceria costurada em 2017 pelo prefeito Márcio Cardim com o diretor-presidente da Energisa Sul-Sudeste, Gabriel Alves Pereira Júnior, onde participam a concessionária, a Prefeitura de Adamantina e o Centro Universitário de Adamantina (UNIFai).
A mobilização se iniciou logo após a interdição do bolsão para descarte de galhos de podas, pela CETESB, na cidade. A partir disso, foi necessário encontrar alternativas que pudessem solucionar o problema.Na prática, o projeto vai permitir o reaproveitamento dos materiais resultantes de podas de árvores e aqueles decorrentes do preparo das refeições nas escolas municipais, como talos, cascas e sementes, que hoje vão para o lixo.
As podas de árvore, atualmente, são trituradas visando a redução de volume, mas não recebem nenhum processamento complementar. A dinâmica vai permitir a associação dessa biomassa das podas com os restos dos preparos de alimentos que serão levados à decomposição. O produto final será um adubo orgânico que poderá ser aplicado em hortas, lavouras e jardinagem.
Os ganhos são econômicos e ambientais. Com o processamento desses materiais, haverá redução nos investimentos para a instalação de um espaço licenciado para a recepção desses galhos, que mesmo triturados, geram um grande volume. A alternativa também minimiza o descarte de restos de alimentos e refeições em aterros sanitários.
Outro destaque é o impacto positivo na redução dos insumos energéticos que seriam gastos para a produção de adubos equivalentes pela indústria química. Esse é o fator base de cálculo, e referência, para mensurar os ganhos em eficiência energética, que foram essenciais para sensibilizar a área técnica da ANEEL, motivando a aprovação do projeto piloto.
Os recursos totais de R$ 667.800,00 serão alocados na aquisição de materiais e equipamentos, e a contratação de mão-de-obra de terceiros. A viabilidade prática do projeto e seus resultados em larga escala podem resolver parte do problema local envolvendo o descarte de desses materiais.
No projeto, o prefeito Márcio Cardim buscou parcerias, o que levou ao envolvimento da UniFAI - que vai atuar no desenvolvimento de biotecnologia que melhore a qualidade da compostagem - e da concessionária Energisa Sul-Sudeste, que vai operar os recursos financeiros.
Como a eficiência energética será mensurada?
A matemática usada no projeto para embasar os ganhos em eficiência energética vai mensurar os insumos em energia elétrica desprendidos na produção de adubos pela indústria química tradicional, e comparar com os gastos energéticos que serão contabilizados no projeto piloto local, para a produção da mesma quantidade de adubo.
Segundo consta no projeto, a energia total economizada será calculada a partir do volume de nutrientes produzidos e o gasto energético para fabricar um fertilizante químico equivalente. O volume será extraído a partir da análise química do adubo produzido, com estimativa de economizar 0,49 MWh/tonelada de adubo orgânico.
Projeto é considerado promissor e poderá ser levado a outras cidades
Na avaliação detalhada do projeto, feito pela área técnica do Programa de Eficiência Energética (PROPEE) da ANEEL, os especialistas definira o prometo como promissor, cujo modelo, após experimentado e avaliado, poderá ter posterior ampliação em escala, na própria região bem como em outras regiões, onde é comum os municípios enfrentarem problemas com o descarte desses materiais.
Nas colocações sobre o projeto, os técnicos destacaram a aplicação de metodologia consagrada e mensurável nos resultados, gerando benefícios ambientais importantes com a redução de resíduos que normalmente seriam destinados a aterros, permitindo seu reaproveitamento.
Já a inovação do projeto, segundo a ANEEL, reside na dinâmica que vai permitir calcular o ganho energético pela dispensa de aquisição de adubos químicos, entre aqueles que optarão pelo adubo orgânico. Foi destacada também a participação da UniFAI.