Após mortes de pacientes nas UPAs, prefeito cogita lockdown para enfrentamento da pandemia em Presidente Prudente: 'Pode chegar'

09/04/2021 06h16 'A gente precisa de um esforço conjunto, de todos nós, de uma declaração de respeito para a cidade, de respeitar a sua vida, de respeitar o próximo, de não levar isso para dentro de casa de forma nenhuma, que a esperança é a vacina', falou Ed Thomas (PSB) em entrevista à TV Fronteira.
Por G1, Presidente Prudente - SP
Após mortes de pacientes nas UPAs, prefeito cogita lockdown para enfrentamento da pandemia em Presidente Prudente: 'Pode chegar' UPA do Conjunto Habitacional Ana Jacinta. (Foto: Heloise Hamada / G1)

"Nós não gostaríamos de chegar a esta situação, mas pode chegar. Chegou em outras cidades. Porque nós precisamos abrir o comércio. As pessoas precisam colaborar com isso. Há quem diga que o lockdown não serve. Serviu, sim, em alguns lugares. Em outros, não. Mas o lockdown, primeiro, é de 'cabeça', é de consciência das pessoas, porque se você faz festa o comércio não abre de forma nenhuma".

Essa foi a resposta do prefeito de Presidente Prudente (SP), Ed Thomas (PSB), sobre um possível decreto de lockdown no município. Ele concedeu entrevista à TV Fronteira nesta quinta-feira (8), um dia após a morte de quatro pessoas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) à espera de um leito para o tratamento da Covid-19 em hospitais.

Conforme dados da própria Prefeitura, nesta quinta-feira (8), a situação nas UPAs de casos relacionados ao novo coronavírus é a seguinte:

UPA do Conjunto Habitacional Ana Jacinta

- 25 pacientes em observação

- 23 pacientes aguardando resolução da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross)

- 2 pessoas intubadas

UPA do Jardim Guanabara

- 31 pacientes em observação

- 37 pacientes aguardando resolução da Cross

- 7 pessoas intubados

A quantidade de pessoas que aguardam transferência das UPAs para hospitais via Cross está em 60. O prefeito falou sobre a média de mortes nas Unidades de Pronto Atendimento.

“Em média duas mortes por dia. Nós não podemos aceitar isso. Presidente Prudente precisa de ajuda porque essas pessoas estão dentro das UPAs, que não são hospitais, e já é entendido por todos, aguardando um leito no hospital, seja no HR [Hospital Regional], seja na Santa Casa, seja em Presidente Venceslau [SP], seja em Rancharia [SP] porque a gente tem comprado esses leitos. Porque lá [UPA] não é hospital, não é ambiente, é o primeiro atendimento, é o acolhimento, mas infelizmente, a espera por esses leitos, ficando nessas UPAs de 10, 12, 15 dias, terminando em óbito. E isso é muito, mas muito triste”, pontuou.

Ele ainda frisou que “transformar UPA em hospital não é digno”. “Nós precisamos, sim, de um hospital de campanha, e não é de hoje, é desde o ano passado que nós fizemos essa solicitação para um atendimento melhor à população”, falou.

O chefe do Poder Executivo afirmou que há um projeto de transformar as UPAs da cidade em pontos de atendimentos exclusivos para pacientes com Coivd-19. Contudo, ele não deu uma possível data para essa mudança. “O mais rápido possível. Eu gostaria que fosse hoje, que fosse amanhã. Mas o mais rápido possível é que já na semana que vem a gente tenha condição, porque equipamentos e infraestrutura nós temos. Mas nós temos esse ser humano da saúde sobrecarregado, numa pressão enorme. É gente que tem família e que está trabalhando muito”, salientou.

Questionado sobre o hospital de campanha em Presidente Prudente, já que o governo estadual anunciou em Dracena (SP) uma unidade, o prefeito afirmou que "também está procurando até agora". "Eu estive ontem [7] em São Paulo [SP]. A solicitação já foi feita, refeita várias vezes, buscando ajuda desde o ano passado quando já era uma necessidade, que trabalhamos com o antigo prefeito para que viesse e não veio. Essa resposta eu estou esperando do governo do Estado", disse Ed Thomas.

Sobre as fiscalizações de desrespeito às regras do Plano São Paulo, Ed Thomas destacou que não tem como ampliar as ações. "Nós não temos gente suficiente. Eu preciso dizer para todos. Não se consegue parar todas as pessoas em um Calçadão e pedir para colocar a máscara, para usar máscara, ou para imputar a multa, ou no Parque do Povo. O lockdown de consciência não aconteceu ainda para as pessoas. Nós temos um comércio machucado, quebrado, que está tentando sobreviver de delivery. Agora, se não tem o que fazer, não venha fazer no Centro da cidade. É procurar se recolher e isso a imprensa vem repetindo, a gente vem repetindo e vemos fazendo a fiscalização acontecendo muitas festas em casa. Elas migraram um pouco das chácaras pelo aumento da multa que nós colocamos. Mas nós não temos o direito de entrar dentro das casas. Mas temos muitas denúncias. No final de semana foram 30, nós visitamos 27. Teve local fechado, ou seja, conveniência fazendo festa, com música, com muita bebida e as festas que aconteceram dentro de casa", falou.

Para finalizar, ele pediu empatia. “A cidade não é a Prefeitura, não é o prefeito. A cidade somos todos nós. Nós temos perto de 500 funcionários públicos afastados. A grande parte da Prudenco [Companhia Prudentina de Desenvolvimento], que nós tivemos morte de coletores e de motoristas, gente que está cuidando da limpeza. A gente precisa de um esforço conjunto, de todos nós, de uma declaração de respeito para a cidade, de respeitar a sua vida, de respeitar o próximo, de não levar isso para dentro de casa de forma nenhuma, que a esperança é a vacina. Mas, que existe, acima de tudo, uma vacina chamada empatia, se colocar no lugar do outro e cuidar também do outro. Vamos respeitar nossos profissionais da saúde, se cuidar", concluiu Ed Thomas.

Boletim oficial aponta mais nove mortes por Covid-19 em Presidente Prudente e número de óbitos na pandemia chega a 438

Boletim epidemiológico

De acordo com os dados atualizados até esta quarta-feira (7) pela Vigilância Epidemiológica Municipal (VEM), Presidente Prudente registra 17.763 casos positivos e 438 óbitos provocados pelo novo coronavírus.

A VEM aguarda os resultados de 142 exames e, além disso, 155 pessoas estão internadas para tratamento da Covid-19.

Posicionamento do Estado

Sobre a demora pra conseguir um leito em hospitais, o Estado respondeu, em nota, que se esforça para garantir assistência adequada aos pacientes, mas que o aumento de casos e internações tem sobrecarregado o sistema de saúde.

Segundo a Secretaria da Saúde do Estado, a demanda aumentou 117%, em comparação ao pico da pandemia, e são cerca de 1.500 pedidos diários.

A pasta ainda acrescentou que a rede de regulação de vagas funciona 24 horas, auxiliando na identificação de leitos, e que cada solicitação é avaliada por médicos, conforme o quadro clínico dos pacientes, a estabilização e o deslocamento seguro.

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