A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), em Presidente Prudente, recebeu mais três relatos de mulheres nesta segunda-feira (21) que alegam terem sido abusadas pelo médico cardiologista Augusto César Barretto Filho. Ele foi preso na última sexta-feira (18), após a Justiça decretar sua prisão preventiva, solicitada pelo Ministério Público Estadual (MPE).
As vítimas que procuraram a delegacia especializada nesta segunda-feira (21) têm 26, 38 e 51 anos. Os fatos relatados por elas teriam ocorrido entre os anos de 2006 e 2013, segundo as informações da DDM.
Com os novos casos, a delegacia já contabiliza 40 registros de mulheres contra Barretto Filho.
O caso
A Polícia Civil prendeu na sexta-feira (18) o médico cardiologista Augusto César Barretto Filho, de 74 anos, acusado de abusar sexualmente de pacientes mulheres em seu consultório em Presidente Prudente. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após ser denunciado pelo Ministério Público Estadual.
Juntamente com seu advogado de defesa, Barretto Filho apresentou-se espontaneamente à Delegacia de Defesa da Mulher, onde a Polícia Civil deu cumprimento ao mandado de prisão expedido pela Justiça.
Ele foi transferido à Penitenciária de Lucélia, para onde são levados presos envolvidos em crimes sexuais.
O advogado de defesa, Emerson Longhi, afirmou que a prisão preventiva "é totalmente desnecessária" porque o cardiologista compareceu a todos os atos a que foi convocado pela Polícia Civil e está afastado de suas funções médicas.
Longhi adiantou que a defesa estuda as medidas judiciais cabíveis para tentar derrubar a prisão preventiva de seu cliente, como um habeas corpus ou um pedido de revogação da medida que levou Barretto Filho à cadeia.
Procurado nesta segunda-feira (21) pelo G1 para se manifestar sobre os procedimentos adotados pela defesa e as novas denúnicas feitas à DDM, Longhi não respondeu até o momento desta publicação.
Além de decretar a prisão preventiva do médico, o juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente, João Pedro Bressane de Paula Barbosa, recebeu na quinta-feira (17) a denúncia apresentada pelo MPE contra Barretto Filho, que se tornou réu.
Na denúncia, o promotor de Justiça Filipe Teixeira Antunes acusa o médico de cometer o crime de violação sexual mediante fraude, previsto no artigo 215 do Código Penal, com pena de reclusão de dois a seis anos, agravado pela conduta tipificada no artigo 61, inciso II, alínea g, que trata do abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.
O caso tramita em sigilo no Fórum da Comarca de Presidente Prudente.
As investigações realizadas pela Delegacia de Defesa da Mulher, em Presidente Prudente, foram iniciadas em julho de 2018, a partir do relato de uma vítima.
Diante do volume de casos denunciados envolvendo o cardiologista Augusto César Barretto Filho e "dado o seu potencial de lesividade social", o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) aprovou a interdição cautelar suspendendo o seu registro profissional.
A suspensão é válida por seis meses, podendo ser renovada por igual período.
O Cremesp esclareceu ainda que, mesmo com a interdição cautelar, a sindicância em curso contra o médico seguirá normalmente, sob sigilo determinado por lei.
A apuração está a cargo da Câmara Técnica de Assédio Sexual, criada para investigar esses tipos de casos.
O Cremesp apontou que as novas denúncias contra o cardiologista serão juntadas à investigação em curso.