Retornaram a Presidente Prudente os 12 bombeiros que estiveram no litoral de São Paulo auxiliando nas buscas às vítimas do deslizamento ocorrido na semana passada, decorrente da chuva que caiu na madrugada de terça-feira, 3 de março. Durante o trabalho ininterrupto de 24 horas, a equipe da região conseguiu localizar dois corpos no Morro do Macaco Molhado, no Guarujá (SP), e voltou ao 14º GB (Grupamento de Bombeiros) com a sensação de "dever cumprido".
Os homens atuaram ao comando do tenente PM Marcos Ferreira de Souza, que conduziu a equipe durante as horas de resgate. Tanto a convocação quanto a viagem ao litoral ocorreram na quinta-feira. Na sexta-feira pela manhã já estavam no morro, onde se juntaram a outras frentes de trabalho. "Verificamos um cenário de muita destruição, um verdadeiro cenário de guerra", lembra Ferreira. "Diante de todo o caos conseguimos fazer com que as equipes trabalhassem de forma objetiva, demos o nosso melhor".
Na área em que a guarnição atuou havia cinco vítimas soterradas na antiga comunidade - entre elas o cabo PM Marciel Batalha, que morreu junto com o colega cabo PM Rogério de Moraes Santos enquanto salvavam os moradores. Com a ajuda de cães de faro, souberam da localização de corpos e conseguiram retirar um homem e uma mulher. Conforme o soldado PM Helder Hiroshi Santos Shiguematsu, a população aplaudiu quando um dos corpos foi resgatado. "Uma familiar veio até nós, emocionada, e nos agradeceu", afirma.
Em meio ao caos de pessoas aflitas em busca de notícias sobre familiares, havia aquelas que tentavam amenizar cansaço dos bombeiros. Hiroshi lembra que a todo o momento, populares ofereciam ajuda e chegavam com alimentos e doações que também vinham de fora. “O mais importante foi a ajuda que recebemos dos voluntários, o que mostra que as pessoas ainda podem se ajudar e que existe o espírito de união que tanto falta atualmente”, considera.
"TRAZER PAZ PARA FAMÍLIAS"
Há pouco mais de um ano, o cabo PM Alexandre Dário Gibin não imaginava vivenciar novamente um cenário catastrófico causado pela força da natureza. Em fevereiro de 2019, esteve na primeira equipe de bombeiros enviada a Brumadinho (MG) para auxiliar nas buscas por desaparecidos, onde atuou junto com outros colegas. "A situação foi bem parecida, a tristeza foi a mesma: sensação de impotência mediante a natureza", lembra. "Mas o que mexeu um pouco mais foi saber que tinha um irmão de farda [soterrado], e estávamos também procurando por ele".
"Temos que estar sempre juntos nesse tipo de incidente para tocar, fazer e ter um bem comum que é conseguir tirar todo mundo, localizar quem está perdido e trazer paz para as famílias", considera o cabo.