As chuvas deste sábado (24) cessaram os incêndios que destruíram áreas de vegetação, lavoura e pastagens em Lucélia, na região do bairro União. Os primeiros focos de incêndio começaram na quinta-feira (22), quando também atingiram áreas em Adamantina, e se deslocaram pelas áreas verdes. Na sexta-feira (23) ganharam proporções ainda maiores, sobretudo em razão dos ventos. As chamas começaram a perder força no final da tarde de sexta, permanecendo focos isolados.
O alívio chegou no sábado, com as chuvas. Mesmo em pouca intensidade, foram suficientes para cessar o fogo e trazer certo alívio aos proprietários rurais, moradores e autoridades.
O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) de São Paulo divulgou boletim na manhã deste domingo (25) com informações sobre frente fria e chuvas no estado. Nesse sábado, o governo de SP chegou a registrar mais de 40 focos de incêndio e fumaça intensa em várias regiões. A atuação das equipes de combate ao fogo e as chuvas alteraram a situação e ainda à noite os focos já tinham caído pela metade.
A previsão para hoje é de céu encoberto com chuva intermitente e sensação de frio. A temperatura mínima fica em 10°C e a máxima não supera os 14°C. Os índices de umidade do ar se mantêm elevados com os menores valores acima dos 75%, indicando melhora na qualidade do ar.
As chuvas, em diferentes intensidades no Estado, fizeram o governador Tarcísio de Freitas adiar a visita que faria neste sábado a Lucélia. Na sexta-feira, no pico dos incêndios, a prefeita Tati Guilhermino fez contato com o coordenador da Defesa Civil Estadual. Depois, recebeu um telefonema do governador, que informou a ida aos locais afetados. Porém, por medidas de segurança, o pouso em Adamantina foi adiado porque haveria dificuldade no voo de retorno, em razão das novas condições climáticas.
O incêndio, nas mesmas proporções, também afetou Salmourão, município vizinho a Lucélia, destruindo áreas rurais. O fogo chegou próximo a um conjunto habitacional, já na área urbana da cidade.
Cenário de destruição
Neste domingo pela manhã o SIGA MAIS conversou com a prefeita de Lucélia, Tati Guilhermino. Ela atuou na linha de frente, trabalho que contou com equipes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, brigadistas e caminhões pipas das usinas SBA de Lucélia e Branco Peres de Adamantina, e ainda apoio de caminhões pipas de prefeituras da região. “Temos um cenário marcado por danos ambientais e estruturais”, disse. “Não houve nenhuma casa afetada pelo incêndio. O fogo chegou perto, mas não atingiu nenhuma moradia”, destaca.
Em relação às propriedades rurais, houve áreas de plantio, de pastagens e de proteção ambiental destruídas pelas chamas. Em propriedades com atividade pecuária, cercas e pastagens foram destruídas. Produtores contiveram os animais em mangueiras. A condição é crítica, sobretudo para assegurar alimentação a esses animais. “São os outros problemas que se derivam do pós-incêndio”, pontua Tati.
A prefeita visitou propriedades rurais e determinou o levantamento dos estragos, o que poderá dimensionar a dimensão dos prejuízos. “Estamos instalando um ponto de apoio na Casa da Agricultura e vamos atuar conjuntamente com o Governo Estadual para buscar alternativas de apoio aos proprietários rurais”, disse. “Devagar a gente vai auxiliar esses produtores, nessa reconstrução. A mobilização municipal ocorre em sintonia com o Estado”, completou.
De acordo com dados da Polícia Militar Ambiental, a partir de monitoramento por imagens de satélite, dados preliminares apontam que os estragos atingem um cenário com cerca de 6 mil hectares, nos territórios de Lucélia e Salmourão. Porém, novas atualizações com imagens mais recentes sugerem uma área afetada ainda maior, que pode alcançar cerca de 10 mil hectares. A perspectiva é que essas imagens atualizadas possam estar disponíveis nesta segunda-feira (26).
Para efeito de ilustração, um hectare equivale a 10 mil metros quadrados, correspondente a um quarteirão (centro de Adamantina).
Tati frisou que mesmo após o recuo do incêndio, em razão das chuvas, as equipes estão de sobreaviso, com caminhões pipa em prontidão. “A situação ainda é de atenção”, finalizou.
SP lança pacote de socorro
Mesmo sem desembarcar na região para fazer sobrevoo em Lucélia, o governador Tarcísio de Freitas conversou em vídeo com a prefeita de Lucélia. Ela estava no aeroporto de Adamantina quando foi informada pelo próprio governador que o voo estaria prejudicado, por questões de segurança. Na ocasião ele adiantou que lançaria um pacote de apoio aos produtores rurais, e colocou o secretário estadual de agricultura, Guilherme Piai, para detalhar as ações que serão oferecidas.
Na final da tarde deste sábado o governo estadual detalhou as medidas, anunciando um pacote de ações destinado aos produtores rurais que foram afetados pelos incêndios florestais que levaram 41 cidades ao alerta máximo de perigo de fogo nos últimos dias.
A ação é da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e terá quatro diretrizes. Por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), o produtor afetado terá acesso a R$ 50 mil, com juro zero, para custeio emergencial, como despesas de manutenção e recuperação da produção.
A outra frente de atuação é a garantia de segurança jurídica, por meio da emissão de um termo emergencial que impossibilita qualquer tipo de sanção ou multa dos órgãos fiscalizadores competentes considerando-se a calamidade. A posse do documento evitará penalidades indevidas aos produtores que tiveram suas propriedades atingidas. Para a emissão, o produtor deve buscar a Casa da Agricultura de seu município (veja mais informações aqui no link ).
Em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), a Secretaria de Agricultura e Abastecimento passará a enquadrar as propriedades rurais atingidas pelos incêndios nos programas habitacionais paulistas, com o objetivo de recuperar as moradias atingidas pela tragédia.
Nesse momento, a Secretaria está em contato com as empresas privadas de nutrição animal e de insumos agropecuários para que o documento emitido pela Pasta possa conceder descontos na aquisição de itens necessários para a reconstrução da lavoura e do pasto dos produtores afetados.
Seguro Rural
Outro fator importante para produtores afetados pelos incêndios florestais é a subvenção ao seguro rural. Este ano o Governo de SP, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, disponibilizou o valor recorde de R$ 100 milhões.
Ofertada pelo Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP), conta com 15 seguradoras credenciadas, concedendo subvenções que variam de 25% a 30%, dependendo da cultura produtiva. O limite, por produtor rural, é de R$ 25 mil reais e qualquer produtor prejudicado pode acessar o crédito. A subvenção tem como objetivo amenizar os impactos das perdas de produção, causadas pela seca e outras intempéries, além de disponibilizar recursos para custeios emergenciais.
Situação de emergência
O governador Tarcísio de Freitas decretou situação de emergência, por 180 dias, nas áreas dos de 45 municípios paulistas em razão das ocorrências de incêndios florestais entre 4 e 24 de agosto. O decreto 68.805/2024 foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial do Estado. Confira aqui e veja no Diário Oficial. Lucélia e Salmourão estão entre as cidades incluídas no decreto estadual.
Conforme o monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil, atualmente, são 24 cidades que enfrentam focos ativos de incêndio. Ao todo, são 41 municípios que estão sendo monitorados e estão em alerta máximo para queimadas (veja as listas abaixo). As localidades em questão sofrem com baixa umidade do ar e elevado risco devido à onda de calor que afeta todo o estado.
Sobrevoos
O governador sobrevoou as regiões atingidas neste sábado e destacou a mobilização de esforços para combater o fogo em todo o estado, com foco em Ribeirão Preto, hoje uma das mais críticas. A atuação do Estado ocorre em parceria com o governo federal por meio das Forças Armadas. Além de três helicópteros da Polícia Militar que já atuam na operação, a Força Aérea Brasileira enviou uma aeronave KC-390 e dois helicópteros para ajudar no combate às queimadas.
A ação conta ainda com cinco drones da Fundação Florestal e uma aeronave de asa fixa para debelar os incêndios na Área de Proteção Ambiental (APA) de Ibitinga. O setor canavieiro, por sua vez, também está apoiando o estado com carros-pipa e brigadistas, e ainda há suporte das empresas de construção com contratos com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e que operam para as concessionárias de rodovias nos contratos geridos pela Artesp. O Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres (CETRAS) também atua na operação.
Mais de 7,3 mil entre profissionais e voluntários foram mobilizados em todo o estado no combate às chamas e na orientação da população. O gabinete de pronta resposta, instalado sexta-feira pelo Governo Estadual permanece ativo no âmbito da Operação SP Sem Fogo, que integra especialistas da Defesa Civil do Estado e das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento, e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
Orientações gerais à população:
* Ao avistar um foco de incêndio ou fumaça densa, saia imediatamente da área e busque abrigo seguro. Informe o Corpo de Bombeiros (193) e a Defesa Civil (199)
* Redobre a atenção ao dirigir.
* Evite atravessar áreas com cortinas de fumaça e fogo. Caso seja inevitável, reduza a velocidade, mantenha os faróis baixos acesos e uma distância segura do veículo à frente.
* Evite se deslocar pelas rodovias e rotas com interdições. Se for necessário, busque rotas alternativas seguras.
* Não solte balões. Balões que usam fogo podem provocar incêndios florestais.
* Evite acender fogueiras, especialmente próximo às matas e florestas.
* Não utilizar o fogo para fazer limpeza de terrenos ou queimar lixo. Faça descarte adequado de seus resíduos.
* Faça queima controlada somente quando permitido e com autorização da Cetesb.
* Em propriedades rurais, construa e mantenha aceiros limpos para evitar a propagação do fogo, principalmente próximo às estradas e rodovias e às áreas florestais.
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