Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) estão em Presidente Prudente (SP), nesta segunda-feira (29), para uma reunião com a polícia de Pontal do Paranapanema, região onde ocupações do movimento social mobilizaram cerca de 2,5 mil pessoas nas áreas rurais de sete municípios, durante o 'Carnaval Vermelho'.
Os deputados se reúnem com os delegados responsáveis pela prisão de José Rainha Júnior e Luciano de Lima, líderes ruralistas que, segundo a polícia, são suspeitos de extorquir dinheiro de donos de propriedades rurais no extremo oeste do Estado de São Paulo.
Estão na cidade:
Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da comissão;
Ricardo Salles (PL-SP), relator;
Caroline de Toni (PL-SC);
Magda Mofatto (PL-GO);
Messias Donato (Republicanos-ES);
Nilto Tatto (PT-SP);
Rodolfo Nogueira (PL-MS).
Além deles, comporão a comitiva um assessor da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e um consultor da Câmara.
Até esta manhã, o local ainda não havia sido confirmado. A reunião com a polícia ocorre sem a presença da imprensa.
Em fevereiro, a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) deu início a uma série de ocupações nas cidades de Marabá Paulista (SP), Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio (SP), Presidente Venceslau, Rosana (SP), Sandovalina e Teodoro Sampaio (SP), no Pontal do Paranapanema.
No total, o movimento social mobilizou 2,5 mil pessoas nas ocupações de nove fazendas.
Líderes presos
José Rainha Júnior e Luciano de Lima, líderes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) foram presos no último dia 4 de março, suspeitos de extorquir dinheiro de donos de propriedades rurais na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo.
De acordo com as informações repassadas pela Polícia Civil ao g1, José Rainha Júnior foi detido em um lote onde reside, no Assentamento Che Guevara, em Mirante do Paranapanema (SP), enquanto a prisão de Luciano de Lima ocorreu na Rodovia José Corrêa de Araújo, na divisa entre os estados de São Paulo e do Paraná, entre os municípios de Sandovalina (SP) e Jardim Olinda (PR).
Nos dois casos, a Polícia Civil deu cumprimento a prisões preventivas determinadas pela Justiça. As prisões dos líderes foram mantidas no dia 5 de março e ambos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caiuá (SP).
Comitiva no Oeste Paulista
O relator da CPI, Ricardo Salles (PL-SP), afirmou que o objetivo é analisar “os casos todos de invasão de propriedade no Pontal do Paranapanema sob a investigação do delegado titular do Deinter”.
A comitiva contará com parlamentares da base do governo e da oposição, estes ligados à bancada ruralista e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) foi o primeiro a chegar ao Deinter, na manhã desta segunda-feira, e disse ao g1 que as informações sobre as diligências não foram divulgadas, portanto não sabe se haverá visita à área rural.
"A gente está vindo aqui para a diligência para tomar conhecimento inclusive de qual é a agenda da diligência. A direção da CPI sequer passou a programação para a gente. Como eles têm maioria, é uma CPI contra o Governo, para criminalizar os movimentos da luta pela Reforma Agrária, portanto é uma CPI para trabalhar contra a Reforma Agrária, e o interessante é que faz a diligência em uma região onde a Reforma Agrária contribuiu para o desenvolvimento da região", argumentou Tatto.
O presidente da CPI, Coronel Zucco, e o relator, Ricardo Salles, chegaram ao departamento, mas, até o momento, não conversaram com a reportagem do g1 sobre a reunião.
CPI do MST
A CPI foi instalada em 17 de maio. O requerimento de criação foi protocolado pelo deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS) e contou com o apoio de 172 parlamentares, a maioria do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A abertura da CPI do MST foi motivada por recentes ocupações que o movimento fez.
No período entre janeiro e 23 de abril de 2023, o MST realizou 33 invasões de imóveis rurais pelo Brasil, número que supera o total de ações em cada um dos últimos 5 anos.
Apesar da maioria das ações já ter sido desmobilizada após negociações com o governo federal, defensores da CPI querem apurar o que chamam de “real propósito” do movimento e de seus financiadores.
A base governista afirma que o objetivo da comissão é criminalizar o MST, tirar o foco dos atos golpistas de 8 de janeiro e servir de palanque político a deputados bolsonaristas que perderam as eleições em 2022, com a derrota do ex-presidente.