O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) realizou nesta sexta-feira (17) uma fiscalização no prédio onde funcionava o hipermercado Walmart, em Presidente Prudente, onde o desabamento de uma parede causou a morte de quatro operários. O acidente foi na tarde desta quinta-feira (16) e ainda deixou um quinto trabalhador ferido. A Prefeitura informou que não havia autorização para obras no local.
Os agentes fiscais estiveram no imóvel no intuito de constatar se a atividade técnica de engenharia estava sendo regularmente executada por profissional habilitado, verificada pela Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) da execução da reforma, e elaboração do relatório de obra.
De acordo com o Crea, os levantamentos preliminares sinalizam que, ao iniciar a preparação para a reforma do prédio, com a retirada da câmara frigorífica que estava sustentada na parede, a mesma desabou e atingiu cinco trabalhadores.
Além de identificar o profissional responsável técnico pela obra, o Crea também instaurou um processo administrativo para apuração do sinistro e verificação de responsabilidade quanto ao ocorrido, oficiando a Defesa Civil, Policia Militar e Corpo de Bombeiros, com os devidos documentos para juntada nos autos, para subsidiar a instrução da abertura do processo.
O Ministério Público do Trabalho e a Polícia Civil também abriram inquéritos para investigar o caso.
Nesta sexta-feira (17), por meio de nota, o Grupo BIG "reafirmou sua posição de que lamenta profundamente a morte dos quatro funcionários da empresa Engetec, em decorrência do acidente ocorrido ontem na unidade desativada da empresa em Presidente Prudente".
"No momento, a principal preocupação da companhia é prestar toda a assistência e conforto às famílias das vítimas e ao funcionário que sofreu ferimentos. O Grupo BIG ressalta que vai colaborar com as investigações das autoridades e aguarda os resultados da perícia técnica", salientou a empresa.
Já a Engetec mais uma vez "manifestou a sua solidariedade com as famílias dos colaboradores que infelizmente vieram a falecer". A empresa informou também que está "dando todo o apoio aos seus familiares e buscando da melhor maneira cuidar de todas as tratativas funerárias".
"Neste momento estamos buscando dar uma maior atenção a essas questões e aguardar a conclusão dos trabalhos periciais", destacou o advogado da Engetec, Fernando Quesada Morales.
Despedida
Dois dos quatro trabalhadores que morreram após o desabamento da parede foram velados na manhã desta sexta-feira (17), no Ginásio de Esportes de Tarabai (SP). Josivaldo Soares dos Santos, de 27 anos, e Juliano Santos Ferreira, de 32 anos, eram moradores do município. Os dois foram sepultados no Cemitério Municipal da cidade no início da tarde.
Os corpos dos outros dois trabalhadores foram encaminhados para o Instituto Médio Legal (IML), em Presidente Prudente, já que as famílias são de outras cidades. Conforme o IML, um dos homens foi reconhecido pela família, que veio de São Paulo (SP), e a empresa funerária já retirou o corpo para sepultamento no Estado da Bahia.
O IML ainda informou que o corpo da última vítima foi reconhecido por familiares na tarde desta sexta-feira (17) e liberado para ser transportado também para a capital paulista.
Acidente de trabalho
O desabamento da parede que matou quatro trabalhadores foi registrado na tarde desta quinta-feira (16). O imóvel localizado no Jardim das Rosas, em Presidente Prudente, está desativado e a queda foi na área interna. No local, funcionava anteriormente o hipermercado Walmart.
Conforme o Corpo de Bombeiros, a parede tinha cerca de 20 metros de comprimento e 3 metros de altura. Três trabalhadores morreram na hora e a quarta vítima fatal chegou a ser socorrida com vida, em estado grave, e levada ao Hospital Regional (HR), onde veio a falecer. Já a quinta vítima, um homem de 56 anos, teve ferimentos leves e também foi levado ao HR. De acordo com a unidade de saúde, ele recebeu alta ainda na noite desta quinta-feira (16).
A obra foi embargada e isolada pela Defesa Civil.
Em nota ao G1, a Prefeitura de Presidente Prudente informou que havia um Projeto de Construção em análise na Secretaria de Planejamento, porém, ainda não estava aprovado.
"Portanto, não havia autorização para execução de obras. Assim que acionada, a equipe de engenharia da Seplan esteve no local e embargou a obra", pontuou o Poder Executivo ao G1.