A acessibilidade é um desafio nas cidades para todos os moradores e maior ainda para quem tem algum tipo de deficiência. Quem tem deficiência visual, por exemplo, sente na pele o descaso, tanto do poder público quando de outras pessoas que não entendem as dificuldades do outro.
Nas calçadas não faltam obstáculos como lixeiras instaladas irregularmente, degraus e buracos. Pensando nisso, um grupo de estudantes de Tupã desenvolveu uma bengala inteligente que pode evitar muitos acidentes.
Eles criaram uma bengala multissensorial que é capaz de vibrar ao identificar obstáculos no caminho da pessoa com deficiência visual e ajuda a evitar acidentes. Um projeto que pode fazer a diferença no dia a dia das pessoas com dificuldade de locomoção.
A invenção é de alunos da Etec. O estudante Luis Gustavo Bonfim, de 16 anos, foi a cabeça pensante do projeto, a ideia surgiu quando ele tinha só 13 anos e foi aprimorada ao lado dos colegas.
“Desde criança eu sempre gostei muito de desmontar brinquedos, tirar motorzinhos e foi assim que conheci um pouco sobre os sensores, com tudo isso funciona e eu coloquei esse conhecimento em prática em um projetinho, pela internet mesmo. Foi quando eu pensei em uma bengala que quando ela tivesse alguma coisa na frente, ela ativasse”, conta.
Eles estão no segundo ano do ensino médio, mas a paixão pela robótica vem desde criança. A responsável por reunir esse grupo foi a professora Kimberly Fagundes Bezerra.
Ela inscreveu os alunos para participarem de um congresso de iniciação científica em Adamantina, também no interior paulista, com o objetivo de desenvolver um projeto de tecnologia pra ser apresentado no evento. Foi aí que a bengala ganhou forma.
“Tinha no plano de curso da escola um projeto chamado 'Robô seguidor de linhas'. A partir desse projeto que usava componentes eletrônicos e programação foi proposto para a sala de aula criar um produto para apresentar no congresso e o Luis sugeriu a ideia da bengala. É muito orgulho”, explica a professora de estudos avançados em ciências exatas.
Repercussão
A repercussão foi tão boa, que o Centro Paula Souza convidou o grupo para participar do Campus Party, maior festival de tecnologia, empreendedorismo e ciência do mundo que aconteceu em julho, em São Paulo. Uma experiência que a Luana descreve como única.
“Foi muito legal apresentar o nosso projeto e ver que a pessoas realmente gostaram. Foi um projeto muito legal, a gente criou, mas não tínhamos noção do impacto que ia gerar ao apresentar para as pessoas. Foi uma imersão tecnológica única.”
Foram vários testes até que tudo estivesse pronto, mas o esforço valeu a pena. A coisa ficou tão séria que a bengala vai ser aperfeiçoada pelo grupo e patenteada, para que em breve possa ser vendida.
“A gente também fez com materiais recicláveis esse projeto e apresentamos no evento [Campus Party] e bastante gente gostou e perguntou se já estava vendendo, que era algo necessário, pessoas que não tinham mobilidade para utilizar uma bengala convencional e se interessaram pela nossa”, afirma Luis.
A bengala mostra que não importa a idade, com conhecimento e determinação, um simples projeto pode se tornar realidade e mais do que ser lucrativo, fazer o que gosta, abre o olhar para as possibilidades.
“Chegou nessa proporção e a gente não quer parar. Quer continuar até formar uma empresa, poder vender e mostrar para as pessoas que existe uma possibilidade para quem essa dificuldade de mobilidade", completa.