Menino de 8 anos morre após ser picado por escorpião

03/05/2018 08h30 Devido à falta de pediatra na UBDS Quintino Facci II, garoto foi levado ao HC-UE, mas sofreu cinco paradas cardíacas. Prefeitura diz que terreno com entulho é particular e proprietário foi notificado.
Exame Abril, Ribeirão Preto - SP
Menino de 8 anos morre após ser picado por escorpião João Victor Souza de Paula, de 8 anos, morreu após ser picado por escorpião em Ribeirão Preto. (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV)

Um menino de 8 anos morreu após ser picado por um escorpião no Jardim Salgado Filho em Ribeirão Preto (SP). João Victor Souza de Paula ficou três dias internado na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), sofreu cinco paradas cardíacas e não resistiu.

Segundo apuração da EPTV, afiliada da Rede Globo, João Victor ajudava uma tia a retirar o entulho de um terreno, onde seria erguido um barraco, no último domingo (29), quando foi picado pelo escorpião no pé.

A criança foi socorrida pela família e levada à Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) do bairro Quintino Facci II. Como não havia pediatra no local, João Victor foi transferido para o HC-UE pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Durante o trajeto, dentro da ambulância, o menino sofreu a primeira parada cardíaca. Outras quatro aconteceram no HC-UE, durante o período de internação. Na última delas, na madrugada de terça-feira (1º), o garoto não resistiu. O corpo foi enterrado nesta quarta-feira (2).

Após a morte de João Victor, moradores do Jardim Salgado Filho, reclamaram do descarte irregular de lixo e entulho no bairro. A dona de casa Odila Barbosa disse que a maior parte do material foi deixada por famílias transferidas para um conjunto habitacional em 2010.

"Quando eles derrubaram os barracos, ficou reciclagem para trás. O lixo é o que trás esses bichos, o povo é limpinho. Onde o povo limpa não aparece nada. Onde que o rapazinho foi limpar, aconteceu isso com a criança", afirmou Odila, destacando que já encontrou cobras no local.

A comerciante Amanda Sales disse que o governo municipal nunca enviou equipes para limpar os terrenos e as áreas onde há entulho no bairro. Ela também relatou o aparecimento de animais peçonhentos e ratos com frequência no local.

"A gente vê muito descaso, um monte de lixo nas ruas de terra. Você não vê a visita de ninguém no nosso bairro. É um descaso porque prefeito não visitou. Os outros bairros são notados e nós, esquecidos. Precisa morrer uma criança para notarem que a gente existe?", reclamou.

Amanda também afirmou que a falta de pediatras na UBDS Quintino Facci II é recorrente e que o atendimento inicial poderia ter evitado a morte de João Victor.

"Tenho um filho com probleminha no coração, dependo do Pronto-Socorro e várias vezes também não tinha pediatra. Às vezes, o que pode ter causado a morte do João foi a demora de ter ido ao Pronto-Socorro e não ter atendimento médico", disse.

Limpeza

Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Preto informou que os terrenos com descarte irregular de lixo são particulares e os proprietários já foram autuados pela equipe da Fiscalização Geral. A limpeza foi programada para a próxima semana.

"As áreas públicas próximas ao local foram limpas recentemente pela Coordenadoria de Limpeza Urbana. Informamos, ainda, que a equipe de Fiscalização Geral irá até o local novamente para tomar as providências necessárias", diz o comunicado.

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