O que era para ser uma viagem de ônibus tranquila às vésperas do Natal tornou-se um pesadelo para os passageiros do Expresso Adamantina. Diversos problemas entraram no caminho entre Campinas e a Alta Paulista, como dois veículos quebrados, falta de água e alimentação e mau cheiro. A empresa diz que prestou todo auxílio.
Um dos passageiros, o advogado Neivaldo Moraes embarcou sentido Adamantina às 20h30 de quarta-feira (22), em Campinas, e chegou apenas ao seu destino final às 13h07 desta quinta-feira (23). A linha, que segue até Tupi Paulista, demorou mais de 16 horas para o adamantinense. A previsão de chegada era 4h40, 8 horas antes do desembarque.
Logo após a saída de Campinas, os passageiros observaram problemas no veículo, sendo relatado ao motorista. Durante o início do trajeto, Moraes também abriu um chamado na Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo). Porém, a viagem teve seguimento até Itirapina, cerca de 145 quilômetros da cidade de saída, quando uma das rodas se desprendeu do ônibus com a marca GUIMATUR, do Grupo Expresso Adamantina. Conforme relatado ao jornal Impacto o pneu foi encontrado no acostamento.
Após o primeiro susto, veio a indignação. Até a chegada de novo veículo, os passageiros ficaram cerca de 6 horas a beira do acostamento, sem qualquer suporte da empresa. “Foi muito descaso do Expresso Adamantina com passageiros. Sem água, sem alimentação. Havia grávida e criança com autismo, que não tiveram nenhum suporte. Avisamos o motorista sobre o problema, e nada foi feito. Antes mesmo do ocorrido, uma reclamação foi aberta na Artesp, que não fiscaliza a situação dos veículos, deixando a mercê os passageiros”, disse, indignado.
Com a chegada do segundo ônibus, já com a marca Expresso Adamantina, mais um problema: quatro passageiros tiveram que seguir a viagem em pé, já que contava com quatro acentos a menos. “Novamente relatamos ao motorista o problema, que informou a sua chefia, que autorizou o seguimento do trajeto até Bauru”. De Itirapina até o primeiro desembarque são cerca de 140 quilômetros.
Durante toda a viagem, os passageiros seguiram sem nenhum suporte da empresa, como itens básicos. “Nem água tinha, amador é pouco”, enfatiza o advogado.
Quando tudo parecia seguir tranquilamente rumo ao destino final, mais um problema ocorre no caminho dos passageiros. O segundo veículo quebrou em Tupã, por volta das 8h30. “Estava com pneu remold, sem condições de pagar estrada”. Pneu remold, ou pneu remodelado, custa menos que um pneu novo, já que é resultado de uma espécie de reciclagem.
O segundo ônibus extra, o terceiro da viagem, também foi acionado sem nenhuma condição de utilização. “Estava com o banheiro trancado com arames, além do mau cheiro, o odor de esgoto estava impregnado. E novamente sem nenhum suporte, o 0800 não atende”.
Moraes chegou em Adamantina às 13h07. “Às vezes pensamos que o perigo está distante, mas está ao nosso lado. E por dinheiro colocam um ônibus na estrada com 44 vidas como se fossem mercadorias. Precisamos também cobrar das autoridades mais rigor na fiscalização dos veículos de longa distância. Ali estava uma tragédia pré anunciada”.
OUTRO LADO
O Jornal entrou em contato com a empresa Expresso Adamantina que emitiu nota: “As empresas de transportes estão suscetíveis a imprevistos. Entretanto, informo que todo o respaldo necessário foi realizado”.