A última edição da pesquisa Estatística do Registro Civil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, em 2021, o Brasil teve um total de 386,8 mil divórcios concedidos em 1ª instância ou realizados por escrituras extrajudiciais, 16,8% a mais que em 2020.
Com esse crescimento, a taxa geral de divórcios no país (que é o número de superações para cada mil pessoas de 20 anos ou mais) subiu de 2,15‰ para 2,49‰. O número, no entanto, pode ser maior, segundo o instituto.
Há diversos motivos que podem levar um casal à decisão do divórcio. Porém, uma tendência observada por especialistas nos últimos anos em vários relacionamentos é o aumento de separações por problemas trazidos por questões financeiras.
Dentro deste contexto, destaca-se a infidelidade financeira entre os casais. Segundo Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, como o próprio nome sugere, esse problema está ligado à falta de honestidade em relação às finanças de uma das partes.
O que é a infidelidade financeira?
O especialista explica que a infidelidade financeira vai muito além de que o parceiro utilize dinheiro do casal para custear um relacionamento extraconjugal. O problema pode estar em situações tratadas como menos importantes, mas que também têm potencial para causar grandes problemas, como por exemplo:
esconder alguma compra do parceiro;
mentir sobre o quanto ganha ou sobre qualquer dinheiro a mais que entra ou sai da conta no mês;
descumprir o limite de gastos estabelecido dentro do relacionamento com coisas não essenciais;
esconder problemas financeiros, como dívidas;
não considerar a opinião do parceiro antes de tomar decisões que possam impactar a renda do casal ou da família, como mudanças de emprego ou trocar de carro.
Como evitar o problema?
Para evitar ter problemas com a infidelidade financeira, então, a resolução mais fácil seria apenas priorizar a honestidade no relacionamento. Mas, essa tarefa pode ser desafiadora quando se tem sob perspectiva as diferentes criações que as pessoas têm no Brasil (e no mundo) quando o assunto é dinheiro.
O educador financeiro da Rico Investimentos e autor do livro "Emoções Financeiras", Thiago Godoy, e o Jansen, da Fatorial, dão três principais dicas de como aplicar a fidelidade financeira na prática:
conversar sobre dinheiro desde o começo do relacionamento;
ter transparência sobre renda, despesas e objetivos;
construir uma reserva de emergência.
Segundo Thiago, é necessário falar sobre dinheiro em um relacionamento a partir do momento em que o casal decide ter algo sério. Para o educador, um namoro ou um casamento não se mantem apenas com o amor, mas sim com a parceria em diversos aspectos.
Dessa forma, que as duas partes tenham uma visão parecida ou, pelo menos, que complementar no que diz respeito às finanças é essencial para que o relacionamento funcione no longo prazo.
Os especialistas compartilham da ideia de que trabalhar a transparência é a melhor forma de evitar os casos de infidelidade financeira. ,
Isso é válido para tudo: planilhar quanto cada um ganha, quanto gasta, quanto pretende ter daqui um tempo, quais são os objetivos em conjunto e qual o valor necessário para alcança-los, apenas para citar alguns exemplos.
Jansen pontua que, depois de estabelecida a transparência no relacionamento, o próximo passo é que o casal tenha uma reserva de emergência para passar por qualquer situação adversa, como perder um emprego ou uma dívida inesperada, por exemplo.
De acordo com o especialista, uma reserva ajuda o casal a passar pelos problemas com maior tranquilidade, evitando decisões impulsivas que possam prejudicar as finanças e o relacionamento.