Em reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) na manhã desta sexta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, garantiu que vai alterar o Plano Nacional de Vacinação (PNI) para incluir os professores como prioridade na estratégia de imunização. A medida é uma das reivindicações dos prefeitos. O ministro também informou que serão entregues 4,7 milhões de doses até o dia 28 de fevereiro e que todas as doses devem ser aplicadas, alterando a orientação do governo de reservar vacinas para segunda dose.
Pressionado para acelerar a vacinação no país, Pazuello disse aos prefeitos que serão entregues neste mês 2,7 milhões de doses da CoronaVac e 2 milhões da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford, produzida pela Fiocruz. Os dois imunizantes precisam de duas doses.
Neste novo momento da campanha, a vacina do Butantan será aplicada em dose única, com o objetivo de ampliar a vacinação e atender ainda mais brasileiros.
"Neste novo momento da campanha, a vacina do Butantan será aplicada em dose única, com o objetivo de ampliar a vacinação e atender ainda mais brasileiros. Com isso, entramos em março com a expectativa de vacinar novos grupos" disse Pazuello aos prefeitos.
A justificativa para a medida é a de que há garantia de que novos lotes serão produzidos. Em nota divulgada após o encontro, o Ministério da Saúde informou que receberá em março mais 21 milhões de doses do Instituto Butantan, que devem garantir a dose de reforço da CoronaVac. A orientação do fabricante é administrar a segunda aplicação em um prazo de 14 a 28 dias.
O imunizante da AstraZeneca possui um tempo maior de aplicação da segunda dose, de três meses. O laboratório deve disponibilizar no próximo mês mais 18 milhões de doses, entre unidades produzidas na Fiocruz e importadas, segundo a pasta.
Professores
O presidente da FNP, o ex-prefeito de Campinas (SP) Jonas Donizette (PSB) disse que Pazuello também "garantiu que fará uma adaptação no PNI" para incluir os professores no calendário prioritário até o mês de março. Ele apontou a promessa como uma "vitória" dos prefeitos.
"Os prefeitos perguntaram (ao ministro) se poderiam assumir esse compromisso, e ele pediu mais alguns dias para poder confirmar, mas disse que a intenção é essa, trazer a vacinação dos professores para março" afirmou o presidente da frente, lembrando que em muitos municípios as aulas presenciais retornam no próximo mês.
A FNP também pediu ao ministro que haja uma orientação “mais precisa” sobre o uso dos lotes de vacina.
"Como não tinha vacina para todos os profissionais de saúde, ficou ao critério das autoridades locais, os prefeitos. Teve cidade que teve um critério e teve cidade que teve outro" afirmou.
Sobre a habilitação de leitos para tratamento da Covid-19 e o repasse financeiro para os municípios, o ministro disse aos prefeitos, segundo o presidente da FNP, que “todos os leitos necessários, habilitados e usados serão pagos".
No entanto, Pazuello reforçou no encontro a proposta mudança no critério de pagamento de leitos. O governo quer pagar apenas os leitos ocupados, sendo que hoje o repasse é feito de forma antecipada independente da ocupação.
Os prefeitos não concordam com a medida e o grupo sugeriu que o governo pague ao menos o valor de 70% do leito disponível. Segundo a frente, o governo federal garantiu que o pagamento do mês de janeiro e fevereiro será integral a todos os leitos habilitados.
Na semana passada, O GLOBO revelou que o Ministério da Saúde pediu R$ 2,861 bilhões ao Ministério da Economia para aumentar a quantidade de leitos de UTI contra a Covid-19 e conseguir pagar por 11 mil unidades até março.
Além de Donizette, participam da reunião os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (DEM); de Manaus, David Almeida (Avante); de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT); de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL); de Curitiba, Rafael Greca (DEM); de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB);de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB); de Salvador, Bruno Reis (DEM) e de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB).
Na terça-feira, a FNP divulgou nota oficial atribuindo a "escassez" de vacinas em cidades brasileiras aos "sucessivos equívocos do governo federal na coordenação do enfrentamento à Covid-19” e na condução do plano de vacinação no país. Segundo informações do G1, seis capitais já suspenderam a aplicação da primeira dose por falta de vacinas: Salvador (BA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).