Santa Casa de Adamantina: hospital monitora oxigênio e relata dificuldade para comprar kit intubação

22/03/2021 08h31 Crise no fornecimento de oxigênio e medicamentos para intubação atinge todo o país.
Por Siga Mais, Adamantina - SP
Santa Casa de Adamantina: hospital monitora oxigênio e relata dificuldade para comprar kit intubação O oxigênio medicinal usado pela Santa Casa de Adamantina é armazenado em tanques, abastecido periodicamente pela empresa fornecedora. (Foto: Siga Mais)

A situação da estrutura hospitalar nos atendimentos a pacientes da Covid-19, pela Santa Casa de Adamantina, é monitorada de perto e com especial atenção pelos gestores do serviço, sobretudo em relação ao fornecimento de oxigênio medicinal pela empresa que abastece a unidade de saúde, e a aquisição dos medicamentos do chamado “kit intubação”, como analgésicos e sedativos empregados no procedimento.

A preocupação com esses dois itens estratégicos para recuperação de pacientes hospitalizados se dá em todo o país, em razão sobretudo da alta nos casos de internação e ocupação dos leitos de UTI para pacientes Covid-19.

Procurado neste sábado (20) pelo SIGA MAIS, o gestor da Santa Casa local, frei Mateus Alves, disse em relação ao abastecimento de oxigênio, o hospital informou a empresa fornecedora quanto ao aumento significativo do insumo. Em resposta, a empresa afirmou que até o momento não haveria risco de desabastecimento. “Até quando isso se perdura, eu não sei, levando em consideração o aumento do consumo”, pondera. “Quanto ao abastecimento de sedativos, nossa realidade não se difere da nacional”, adverte. “É um produto com grande procura e pouca oferta”, explica.

De acordo com Frei Mateus, ainda há medicamentos para intubação em disponibilidade, porém em quantidade limitada. “Ainda possuímos estoque, porém é finito. Estamos fazendo de tudo para mantermos em um nível maior, porém não está fácil a aquisição”, ressalta. Os sedativos e analgésicos não são usados somente para intubação de pacientes da Covid-19, mas a todas as demais situações de saúde que o procedimento médico exija.

O oxigênio medicinal usado pela Santa Casa de Adamantina é armazenado em tanques, abastecido periodicamente pela empresa fornecedora. Dos tanques, os gases medicinais são distribuídos internamente para os leitos, UTI, pronto-socorro e demais serviços de saúde da estrutura hospitalar.

UTI com 100% de ocupação

No mais recente boletim de casos da Covid-19 na cidade divulgado na sexta-feira (19) pela Prefeitura de Adamantina, com base em dados do dia anterior (18), o poder público informou haver 19 pacientes com Covid-19 hospitalizados na Santa Casa de Adamantina, dos quais 11 são de Adamantina. Destes, 6 estão sob isolamento em leitos de enfermaria e 5 na UTI Covid. Há ainda 8 pacientes de outras cidades, dos quais 3 internados na enfermaria e 5 na UTI.

Com esse quadro, os 10 leitos de UTI Covid estão 100% ocupados. De acordo com a Prefeitura, 9 leitos de UTI Covid são do SUS e 1 é particular/convênio (veja mais dados de casos).

Ministério da Saúde alerta sobre risco de faltar oxigênio

Na última quinta-feira o diretor de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Fernandes, classificou como perigoso o cenário de abastecimento de oxigênio medicinal no país. Em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 do Senado Federal, ele pediu apoio dos parlamentares para que o Congresso e o Ministério da Saúde se empenhem em uma mudança legislativa com urgência, para que as grandes empresas não se recusem a abastecer carretas de envasadores que atendem principalmente cidades do interior.

“O cenário atual é perigoso, podendo levar ao desabastecimento de oxigênio medicinal na ponta, especialmente em pequenos hospitais e municípios do interior”, alertou acrescentando que a expectativa da falta perigosa desse produto na ponta da linha, nos pequenos hospitais, é de poucos dias.

Rinópolis, Nova Guataporanga e Presidente Venceslau informam risco de faltar oxigênio, diz FNP

Um levantamento de Frente Nacional de Prefeitos (FNP) indica que o oxigênio para pacientes de Covid está prestes a acabar em pelo menos 76 municípios de 15 estados. A relação das cidades foi divulgada na última sexta-feira pelo G1.

De acordo com o portal de notícias, a FNP enviou questionários a 2,5 mil das 5.570 prefeituras do país. Destas, 574 responderam na quinta e sexta-feira. Entre elas, 76 prefeituras responderam "sim" à pergunta "Seu município tem previsão de desabastecimento de oxigênio que poderá comprometer os serviços de saúde?" — e depois relataram as situações específicas.

Das 76 cidades, 14 são do Estado de São Paulo. Dessas, três estão no oeste paulista. As 14 localidades são Águas de Lindóia, Cajuru, Guararapes, Ilha Solteira, Mendonça, Nova Guataporanga, Paulo de Faria, Piedade, Presidente Venceslau, Ribeirão do Sul, Rincão, Rinópolis, Taquarituba e Urânia.

Em Rinópolis, segundo o levantamento, a previsão para desabastecimento é para aproximadamente 20 dias, a partir da resposta dada à FNP. Em Nova Guataporanga, 45 dias. Em Presidente Venceslau, “há o risco de desabastecimento por conta do grande uso nos últimos dias e que a empresa não está pegando mais cliente por conta da logística”.

A FNP emitiu nota pública sobre a falta de oxigênio e medicamentos. “Não é razoável que pessoas, cidadãos brasileiros, sejam levados à desesperadora morte por “afogamento” no seco, ou que sejam amarrados e mantenham a consciência durante o delicado e doloroso processo de intubação e depois na sua longa permanência. Assim, prefeitas e prefeitos reivindicam que o governo federal tome, imediatamente, as medidas cabíveis para que as cenas trágicas e cruéis recentemente presenciadas em Manaus/AM não se repitam em outras cidades brasileiras”, diz o documento.

Anvisa simplifica procedimentos para medicamentos, oxigênio e dispositivos médicos

Na noite de sexta-feira, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou quatro medidas para evitar o desabastecimento de medicamentos, oxigênio e dispositivos médicos utilizados no país no enfrentamento da pandemia de Covid-19.

Para aumentar a capacidade de produção de oxigênio medicinal, foram determinadas medidas que abrem exceções temporárias para a utilização de cilindros de oxigênio na área da saúde pública. Uma delas é a permissão para encher com gás medicinal os cilindros de gases industriais. Ou seja, poderá ser utilizado o cilindro cinza, ao invés do verde, pra envasar o gás.

A importação de dispositivos médicos novos e medicamentos identificados como prioritários para o combate ao surto do novo coronavírus também foi facilitada pela Anvisa.

A partir de agora, de forma temporária e emergencial, um rol de medicamentos e dispositivos não regularizados no país poderá ser importado de forma direta por órgãos e entidades públicas e privadas, bem como serviços de saúde.

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