Santa Casa de Misericórdia de Martinópolis prevê estoque de 'kit intubação' para apenas mais três dias

15/04/2021 06h19 Medicamentos são usados para intubar pacientes em tratamento contra a Covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Por G1, Martinópolis - SP
Santa Casa de Misericórdia de Martinópolis prevê estoque de 'kit intubação' para apenas mais três dias Santa Casa de Misericórdia de Martinópolis informou que tem estoque do 'kit intubação' para somente três dias. (Foto: Emerson Sanchez / TV Fronteira)

A Santa Casa de Misericórdia de Martinópolis (SP) informou, nesta quarta-feira (14), que tem estoque do chamado "kit intubação" para somente mais três dias.

De acordo com a administração do hospital, os medicamentos são usados para a intubação de pacientes com Covid-19 que se encontram em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A instituição ainda relatou que, no momento, não tem nenhum paciente intubado, sendo a primeira vez que isto acontece nos últimos 60 dias. Contudo, nos últimos 30 dias, a média é de dois pacientes intubados.

Na região de Presidente Prudente (SP), a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Epitácio (SP) também enfrentou situação semelhante. O hospital informou que o estoque dos medicamentos usados para intubação foi normalizado somente nesta terça-feira (13), com uma compra realizada no Estado de Mato Grosso do Sul. A unidade de saúde não informou por quanto tempo a quantidade será suficiente.

'Kit intubação'

O governo do Estado de São Paulo pediu ao Ministério da Saúde o envio em até 24 horas dos medicamentos que fazem parte do chamado "kit de intubação" para evitar colapso no atendimento de pacientes internados em UTI em estado grave com Covid-19 nos hospitais paulistas.

A solicitação consta em ofício assinado pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, enviado ao Ministério nesta terça-feira (13), com cópia para a procuradora-geral do Estado, Maria Lia Porto Corona.

No documento, Gorinchteyn diz que o Ministério da Saúde manteve o Estado de São Paulo sem fornecimento de medicamentos por 6 meses, que não esclarece qual o critério adotado para distribuição, e que a pasta “não atuou e não atua como coordenadora nacional do SUS [Sistema Único de Saúde], abandonando os demais entes federativos à própria sorte, criando um cenário de quase caos na disputa por medicamentos do ‘kit intubação’".

Em nota, o Ministério da Saúde informou que já distribuiu aos estados e municípios mais de 8 milhões de medicamentos para intubação de pacientes ao longo da pandemia, e que nesta semana um grupo de empresas vai doar mais de 3,4 milhões para distribuição imediata. A pasta também informou que dois pregões e uma compra direta via Organização Panamericana de Saúde (OPAS) estão em andamento.

Desabastecimento gravíssimo

A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp) também divulgou nesta terça-feira (13) um levantamento feito junto aos hospitais filantrópicos do Estado, com cerca de 300 associados, e alertou que o desabastecimento de anestésicos e medicamentos do chamado ‘kit intubação’ é "gravíssimo".

Os mais de 160 hospitais que responderam ao levantamento apontam que os estoques de anestésicos, sedativos e relaxantes musculares têm, em média, de três a cinco dias de duração e que começam a ficar escassos também os antibióticos.

“Vamos monitorando a situação através de um grupo on-line com mais de 200 hospitais, a cada dia a situação é mais desesperadora. Mesmo os hospitais que apontam entre 8 e 10 dias de estoque a situação é delicada, pois são hospitais maiores que também recebem grande volume de novas internações a cada dia e, dependendo da região, o estoque cai bruscamente de um dia para o outro”, afirmou o diretor-presidente da Fehosp, Edson Rogatti.

Muitos hospitais que apontam o baixo estoque no levantamento preferem não divulgar cidade ou nome da instituição, preocupados em não causar pânico nos familiares dos pacientes internados.

Em contato com mais de 22 fornecedores nas últimas 24 horas, os hospitais não encontraram possibilidade de compra.

“A secretaria estadual tem ajudado, mas também não está conseguindo grandes volumes. Estamos batalhando por importações que estão sendo lideradas pela Confederação das Santas Casas, mas os estoques no exterior também não estão disponíveis e tememos pelo pior. Se o volume de internação não cair rapidamente, não conseguiremos repor os estoques e será uma situação trágica”, alertou Rogatti.

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