Vacina da dengue do Butantan tem resposta imune superior a 90%, segundo estudo clínico de fase 1

30/03/2022 05h56 O estudo avançou para fase 3 em 2016 e hoje está na etapa de acompanhamento. Butantan deve finalizar pesquisa até 2024.
Por G1, Brasil
Vacina da dengue do Butantan tem resposta imune superior a 90%, segundo estudo clínico de fase 1 Prédio do Instituto Butantan na Zona Oeste de São Paulo. (Foto: Divulgação)

A tão esperada vacina da dengue, que vem sendo desenvolvida há mais de 10 anos pelo Instituto Butantan, induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

Isso é o que revela um novo estudo, de fase 1, publicado por pesquisadores da farmacêutica Merck, parceira do instituto brasileiro. Os achados foram publicados no último dia 15 de março na revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics. A vacina vem sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID).

Os resultados da fase 2 do estudo já haviam sido publicados em março de 2020 na revista The Lancet Infectious Diseases. O estudo sobre a nova vacina da dengue avançou para fase 3 em 2016, com 17 mil voluntários, e hoje está na etapa de acompanhamento – os voluntários serão avaliados durante cinco anos.

O Instituto Butantan espera que a pesquisa seja concluída até 2024.

Segundo o centro de pesquisa paulista, este novo artigo, demonstra, mais uma vez, que a vacina tetravalente contra a dengue protege pessoas com e sem contato prévio com o vírus.

Como foi feita a pesquisa?

No estudo, 200 adultos receberam duas doses do imunizante ou placebo, para avaliar a capacidade da segunda dose de aumentar os anticorpos.

Após a primeira dose, a soroconversão, ou seja, a janela de tempo que os anticorpos tem para se defender, foi de 100% em quem já teve dengue e 92,6% em quem nunca foi infectado.

Já a dose adicional não induziu diferenças significativas, confirmando que uma única dose é suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença.

A imunogenicidade, ou seja, a capacidade da vacina de gerar uma resposta imune, foi analisada durante um ano por meio de testes de neutralização do vírus e se manteve alta em todos os participantes.

"A vacina também se mostrou segura e sem efeitos adversos graves. As reações mais comuns foram dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea e mialgia (dor muscular)", disse o Butantan, em nota.

Relembre o caso da Dengvaxia, vacina da rede privada

No Brasil, a vacina disponível contra a dengue é a Dengvaxia, fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. O imunizante é vendido na rede privada na maior parte do Brasil e não está disponível no Programa Nacional de Imunizações, o PNI.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Dengvaxia não deve ser tomada por quem nunca teve a doença. A agência regulatória entende que o imunizante é considerado seguro apenas para aqueles que já foram infectados pelo vírus pois estudos preliminares indicaram formas mais graves da doença após a aplicação da vacina em pessoas que não haviam tido um contato prévio com o vírus.

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde, a OMS, também recomendou que a imunização ocorra apenas quando houver a confirmação de que o paciente já foi exposto ao vírus.

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